Por SELES NAFES
O superintendente de Vigilância em Saúde do Amapá (SVS), Dorinaldo Malafaia, disse neste sábado (9) não descarta um lockdown no Amapá, após decisão da justiça que determinou o endurecimento das regras de isolamento.
No entanto, ele deixou claro que o possível “fechamento total” será uma decisão de um colegiado científico e com a palavra final do governador Waldez Góes (PDT).
Ontem (8), a juíza Alaíde de Paula, da 4ª Cível de Macapá, acatou pedido do Ministério Público do Estado e determinou que o governo do Estado e a prefeitura criem “medidas enérgicas” nos decretos em vigor para o cumprimento do isolamento social.
A decisão cita o aumento dos casos de internação e mortes provocadas pelo baixo isolamento de apenas 40%, em média. O ideal, recomendado pelo Ministério da Saúde, é de 70% para que haja o equilíbrio entre contágio e capacidade de internações nas redes pública e privada.
Para o superintendente, que participou de um live com jornalistas, a decisão traz um arcabouço jurídico que pode dar base futura a um fechamento total.
“Não descartamos a possibilidade de um lockdonw, mas isso será analisado por outros setores e pelo governador que consegue ver isso de uma maneira mais ampla”, avisou.
“Lockdown não significa que tudo será fechado. Os serviços essenciais serão garantidos”, acrescentou.
Colapso laboratorial
Dorinaldo Malafaia e o diretor do Laboratório Central do Estado (Lacen), Gelmires Queiroz da Silva, deixaram claro que o Amapá está à beira de um colapso laboratorial.
Segundo eles, a balança entre a chegada de amostras e a capacidade de realização dos exames está extremamente desequilibrada e exaurida.
“Quando a gente fala de colapso, não é só de leitos, mas de todo o sistema. Estamos entrando num momento em que a infecção está em nível de 75% (dos resultados). Tivemos um crescimento em 7 dias de 108% dos casos confirmados”, alertou o superintendente.
“Nós não tínhamos um sistema laboratorial para atender a massa da população, mas sim para a demanda clínica. Estamos tentando adquirir novos (prestadores) serviços porque não vamos conseguir atender toda a demanda dos municípios”.
De acordo com o diretor do Lacen, todos os dias chegam ao Lacen mais de 700 amostras que precisam de pelo menos 5 dias para serem analisadas. Enquanto isso, no Maranhão e no Amazonas a média é de 300 amostras diárias.
“Os materiais necessários (para os exames) não existem no mercado, só daqui a 90 dias, quatro meses, mas gente não consegue encontrar. O mercado saturou”, frisou Gelmires Silva.