Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA
Há um mês de realizar o sonho de se formar em odontologia, a jovem Samara Pereira da Silva, de 24 anos, cheia de projetos na vida como todo jovem prestes a colar grau, iria se submeter a uma cirurgia de redução de mama, o que terminaria com um velho problema de saúde. O procedimento, contudo, não foi levado adiante. Por complicações decorrentes da anestesia, hoje ela sobrevive em estado vegetativo.
No dia 10 de novembro de 2019, Samara foi internada no Hospital São Camilo, em Macapá, através do Sistema Único de Saúde (SUS). O objetivo era passar por uma mamoplastia redutora. No caso dela, o procedimento não teria fins estéticos, mas colocaria fim às dores constantes nas costas, devido ao peso dos seios.
A partir desse dia, a família não mais falou com Samara. Ela ficou internada na UTI por pouco mais de um mês, e depois mais quatro meses em uma enfermaria. A mãe, Maria de Fátima Fernandes, de 60 anos, veio do Estado do Mato Grosso (MT), onde morava, para ficar com a filha.
Maria de Fátima não consegue explicar ao certo o que ocorreu. Lembra apenas que os médicos falaram em complicações na anestesia. Ela acredita, sem poder afirmar, que a filha tenha ficado sem oxigênio no cérebro, e por isso ficou com sequelas.
Há sete meses, Samara não se comunica nem por gestos. Não se levanta, e aparenta não ter consciência do que ocorre em sua volta.
“Até agora eu não sei, porque eu procuro e pergunto: ‘doutor, o que é que deu?’ Eu não sei o que aconteceu com ela, eles nunca falaram se ela vai ficar boa ou se não vai. Uma vez eu procurei o doutor e ele disse que só Deus é quem pode dar essa resposta. Eu acredito nisso, pelo homem já acabou, mas lá de cima não acabou ainda”, diz a esperançosa e triste Maria de Fátima.
Quitinete
Por conta do perigo de contágio hospitalar da covid-19, a filha recebeu alta. Maria de Fátima conta que pensou em não aceitar a saída, pois não se conformava ao lembrar que a filha entrou caminhando e saudável no hospital e estava sendo liberada em uma cama hospitalar.
O São Camilo se comprometeu em pagar uma quitinete e fornecer apoio com remédios e tratamento médico, só assim a mãe aceitou que a filha saísse do hospital.
Dona Fátima, que tem 60 anos e trabalhava como doméstica, conta que o aluguel está sendo pago há dois meses por um dos médicos anestesiologistas da equipe cirúrgica responsável pelo procedimento.
Energia elétrica e água, além de um técnico de enfermagem para ajudar no banho, também fazem parte do auxílio que a mãe está recebendo para cuidar da filha.
Mas ela reclama que nem todos os dias há a presença do técnico, e que também teme pela falta de fisioterapia, pois os membros da jovem Samara estão se atrofiando.
“Tudo bem, eles pagam esse aluguel, essa luz, água, mas o que ela tá precisando é de terapia [fisioterapia], porque ela tá toda endurecida. E também aproveito para agradecer essas pessoas boas aqui do Amapá que eu encontrei, que muito tem me ajudado”, concluiu Maria de Fátima.
Procurada pelo Portal SelesNafes.Com, a direção do hospital São Camilo disse que apenas a equipe médica poderia fornecer detalhes sobre o procedimento cirúrgico de Samara, mas garantiu que a jovem está recebendo toda assistência possível, inclusive social.
Quem desejar entrar em contato com a família, pode ligar para o número (96) 98121-5896 ou direto na residência da mãe e da filha, na Avenida Almirante Barroso, 2333, no Bairro Santa Rita, região central de Macapá.