O amanhã que nos espera

Comércio de Macapá fechado. Mercado terá que se adaptar a novas demandas
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Por ARTEMIS ZAMIS, empresário

É fato que nosso mundo globalizado foi pego de surpresa pela súbita chegada do novo coronavírus, e com isso uma catástrofe econômica mundial se avizinha e não será ela exclusiva do Brasil nem de algum outro país em especial. Será planetária e exigirá dos governos a implantação de uma nova ordem mundial que atenda ricos e pobres, afetados ou não pela pandemia.

Um “novo normal” chegará e nem sabemos direito como ele será de fato. Como será nosso consumo? Quais serão nossas novas necessidades e nossos novos desejos?

Bom, o que se sabe até agora de real mesmo, é o que já vivemos com a recessão que chega com rapidez e força em nosso país. A atividade econômica tem seu pior momento e os números da já combalida economia já são os piores desde 1901.

Segundo dados divulgados pelo IBGE, no primeiro trimestre de 2020 já encolhemos 1,5% em relação ao ano de 2019, efeito causado principalmente pela retração de 1,6% nos serviços, um setor que representa 74% do PIB.

O setor industrial também caiu 1,4% e só a agropecuária teve o pífio resultado de 0,6% positivo. Não fomos diferentes dos outros países afetados pela pandemia, pois é razoável imaginar que com o fechamento dos estabelecimentos, as famílias confinadas fizeram com que setores como bens duráveis, veículos, vestuários, alimentação, academias, sofressem bastante com o necessário isolamento social.

O pior, contudo, são as previsões do mercado para este ano, que segundo o último boletim Focus divulgado pelo Banco Central, prevê uma queda de 5,89 do PIB esse ano, previsão pior que a do Ministério da Economia que estima em 4,7% a perda para este ano.

Criação de búfalo no Amapá: recuo na agropecuária. Foto: Arquivo SN

Ministro Paulo Guedes: previsões refeitas. Foto: A Gazeta

Bom lembrar que as previsões do ministro da economia Paulo Guedes em março, previa um crescimento de 1% no pior cenário do vírus. Logo em seguida, em torno do dia 20 do mesmo mês, baixou sua previsão para 0,2% de crescimento da economia, já dando leves sinais que poderíamos enfrentar uma recessão por conta da pandemia.

Em abril, com o país já contando seus mortos pelo covid-19 na casa dos milhares e com medidas de isolamento já decretadas em vários estados, anuncia em uma reunião com senadores que o país teria uma queda de 4% do PIB em 2020.

O mundo não contava com a covid-19. E alguns países inclusive o Brasil subestimaram a doença e suas consequências. É fato que nenhum país fica de prontidão esperando que uma pandemia vai eclodir em algum lugar, com dia e hora marcada.

Famílias à espera de cestas básicas em um hospital privado de Macapá: aumento da pobreza. Foto: Arquivo SN

Ela veio e veio forte pegando todos de surpresa. Está aí instalada e vemos as piores previsões para o pós pandemia. Segundo estudos feitos por especialistas da King’s College London no Reino Unido e da Australian National University (ANU), a crise econômica pode ser maior que a crise da saúde, e estimam um aumento de 400 a 600 milhões de pessoas em situação de pobreza.

É preocupante olhar esse quadro desolador. Mais desolador ainda, é não vislumbrarmos uma equipe econômica capaz de apontar caminhos consistentes, que promova uma abertura de redes de segurança social de maneira ampla e que atenda a todos sem exceção.

A pandemia vai passar, infelizmente muitas vidas ainda serão perdidas por descontrole, por descaso, por incompetência e por desorganização.

Mas vai passar.

O futuro incerto nos faz olhar para o hoje e no hoje, o que podemos fazer sem medir esforços é nos organizarmos para efetivas cobranças de mudanças no cenário político.

As eleições municipais que se aproximam será uma grande oportunidade para que se mude radicalmente esse quadro pernicioso e o mais importante é que isso está em nossas mãos.

Pense, pesquise, leia.

Seles Nafes
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