Por CLÁUDIO ROGÉRIO
O ano de 2009 tornou-se um marco histórico para as comunidades tradicionais do marabaixo, mais precisamente as que realizam o CICLO DO MARABAIXO, evento secular do Estado do Amapá que acontece no período da Semana Santa até Corpus Christi.
Durante este ano, vários eventos impresumíveis dentro do marabaixo vinham acontecendo. Foi em 2009, no bairro do Laguinho, que o pároco da Igreja de São Benedito, Geovane Pantarolo, se contrapôs à participação das comunidades do marabaixo dentro da Igreja.
Na Favela, bairro de Santa Rita, um outro acontecimento de perseguição contra o marabaixo acontecia. Era o último rito do Ciclo do Marabaixo, e um juiz morador das proximidades da tradicional festa, com a presença da polícia, mandou parar tudo.
Entre esses infelizes acontecimentos com a nossa autêntica manifestação cultural, vinham gradualmente a cada ano o Carnaval e a Quadra Junina ganhando altos investimentos do poder público, e o CICLO DO MARABAIXO de acordo com os festeiros do marabaixo, sempre tinham seus recursos muitos reduzidos.
Foi a partir daí que, em 16 de junho de 2009, pessoas envolvidas diretamente com a manifestação, juntamente com as comunidades de Mazagão, Campina Grande, Ilha Redonda e outras várias comunidades, resolveram sair pelas ruas de Macapá em um grande protesto contra a desvalorização do marabaixo.
O manifesto começou na Praça da Bandeira e com um carro som foi até o Palácio do Setentrião, Tribunal de Justiça, Câmara de Vereadores, Prefeitura de Macapá e Assembleia Legislativa, deixando em cada órgão público uma carta de reivindicações para o marabaixo.
Na Assembleia Legislativa, os marabaixeiros foram recebidos pelo então presidente em exercício da Casa Dalto Martins, morto em 2012 num acidente aéreo. Dalto foi ao carro som e se comprometeu em discutir com as comunidades as reivindicações do manifesto.
Na reunião, foi proposto a criação do DIA ESTADUAL DO MARABAIXO, haja vista, que o mesmo já havia criado através de um projeto de lei, o DIA ESTADUAL DO SAMBA, comemorado no dia 2 de dezembro, no Amapá e no Brasil.
A proposta inédita agradou todos os marabaixeiros, e a partir de então a assessoria técnica do deputado reuniu-se gradualmente com uma comissão composta por militantes do marabaixo, que tinha na frente Danniela Ramos. O objetivo era a elaboração do projeto de lei de criação do Dia Estadual do Marabaixo.
Em 16 de junho de 2010, exatamente um ano após todos aqueles censuráveis acontecimentos, é feita uma audiência pública na assembleia legislativa e apresentado e aprovado o projeto de lei de criação do Dia Estadual do Marabaixo.
O Decreto Lei 1521/2010 declara o dia 16 de junho, Dia Estadual do Marabaixo Amapaense, como data comemorativa no âmbito do Estado do Amapá.
O Marabaixo, desde então teve um “up” nas conquistas para realização das festas tradicionais. Muitos avanços aconteceram, como o aumento do recurso para o Ciclo do Marabaixo por parte do poder público, a Igreja tomou posição favorável aos ritos do marabaixo, divulgação mais ampla das datas festivas de todas as comunidades, e hoje, o Marabaixo é registrado pelo IPHAN como Patrimônio Cultural Brasileiro.