Por SELES NAFES
O governador do Amapá, Waldez Góes (PDT), encaminhou projeto de lei para a Assembleia Legislativa que na prática cria um grande núcleo de inteligência dentro da Polícia Civil dedicado exclusivamente ao combate do crime organizado e à corrupção. A expectativa é de que o projeto seja aprovado em agosto, com o fim do recesso legislativo.
O projeto cria coordenadorias que serão responsáveis pelas delegacias Anticorrupção, Combate ao Crime Organizado e uma exclusiva para investigar crimes de lavagem de dinheiro. Também está prevista uma delegacia de crime cibernéticos. O Portal SelesNafes.Com conversou com o delegado-geral de Polícia, Uberlândio Gomes.
Como essas delegacias atuarão?
Uma será ligada a outra. Quando o crime organizado violento desvia dinheiro, precisa lavar esse dinheiro. Também tem o crime organizado atrelado ao tráfico de drogas. Quando comercializam as drogas eles escondem o dinheiro em algum lugar. A outra coordenadoria será a de Recursos Especiais (Core), um grupo tático da Polícia Civil, como ocorre no Rio de Janeiro. Os policiais já foram treinados, e terão armamento e equipamentos específicos para realização de operações.
Quais são as delegacias que fazem hoje esse trabalho?
DTE (Delegacia de Tóxicos), Defaz (Delegacia Fazendária) …, mas com as novas delegacias a gente vai centralizar essas atividades nelas para cada uma se dedicar inteiramente a isso.
Então a Defaz será extinta?
Sim. As atribuições dela, que é a sonegação de impostos, entre outros crimes, passarão para essas delegacias.
Além dessas também haverá uma delegacia de crimes cibernéticos?
Sim. Durante a pandemia e o isolamento social a criminalidade caiu muito, menos nos crimes praticados pela internet e rede sociais. O aumento foi de 32%, principalmente estelionato, fraudes, crimes contra a honra e fake news.
Essas delegacias funcionarão aonde?
Temos espaço físico sendo construído. Haverá espaço suficiente. O governador está nivelando a Polícia Civil do Amapá por cima com as melhores polícias do Brasil. Não é todo Estado que tem uma estrutura organizacional contra as facções. Será possível investigar, prender e descapitalizar. Teremos um laboratório para rastrear o dinheiro do crime.
Vão precisar contratar mais policiais? Tem um concurso em vigência…
Recebemos 200 policiais e depois mais 103. São 300 servidores. Hoje é o suficiente, mas evidentemente estamos perdendo policiais. Por causa da covid, vários com idade mais avançada solicitaram aposentadoria e estão saindo aos poucos. O governador já autorizou chamar, mas será com equilíbrio. Ele me mandou fazer esse levantamento, e no futuro próximo poderemos chamar, dependendo da evolução da doença. Não podemos colocar candidatos numa sala (no curso de formação). Mas isso vai ser de acordo com o volume de aposentadorias.
O Sindicato dos Policiais disse que 700 policiais estarão se aposentando nos próximos meses. É verdade?
Estamos levantando. Não são esses números. A Polícia Civil tem 1.100 integrantes. Esse número seria mais que a metade do contingente. Se isso acontecesse, seria o fim da polícia.