Por MARCO ANTÔNIO P COSTA
Um grupo de mulheres ribeirinhas da região do alto Rio Araguari, no entorno dos rios Falsino e Amapari, no município de Porto Grande, no centro-este do Amapá, se juntou para procurar alternativas de subsistência após o fechamento do garimpo da região.
Foi assim que elas começaram a fazer produtos com a matéria prima das florestas e hoje precisam de ajuda para retomar sua produção, prejudicada mais ainda com a pandemia.
Arlete Pantoja Leal, de 46 anos, é uma das representantes da Associação de Mulheres “Sementeiras do Araguari”. Ela conta que desde a infância a relação com a floresta que sua família e as demais tinham com a região onde vivem se dava especialmente através do garimpo de ouro chamado de “Capivara”.
Em 1989, foi criada a Floresta Nacional do Amapá. Em 2007, por estar funcionando de forma irregular, o garimpo foi fechado, o que foi um baque financeiro para as pessoas e os ribeirinhos que moravam no entorno da lavra.
Foi aí que, através da associação “Bom Sucesso”, essas mulheres começaram a pensar a floresta de uma outra maneira e a utilizar o seu potencial.
“O ICMBio, no começo, foi como se fosse um bicho papão pra gente. Mas depois, pensando bem, o ICMBio possa ter trazido outras oportunidades, tirou a gente daquele trabalho ilegal, mas também ajudou a mostrar pra gente que havia outras formas da gente se organizar e que poderia gerar renda para dentro da nossa comunidade”, explicou Arlete.
Produtos
Óleo, sabonete, pomada e vela de andiroba, sabonete de breu branco, de copaíba, e de fava. A pomada, por exemplo, além de cosmético, serve para inflamações, assim como o sabonete de fava tem uma função. Arlete explica:
“O sabonete de breu branco é muito gostoso. A pomada de andiroba serve para fazer massagem, para inflamações, inchaços e também a gente produz sabonete de fava. A fava é uma leguminosa muito conhecida pelo povo ribeirinho tradicionalmente, e ela cura qualquer tipo de micose”.
Nova fase
Em dezembro de 2019, o grupo de 26 mulheres de 15 famílias diferentes teve mais de R$ 7 mil de renda. Após a compra de materiais para a confecção dos produtos, o dinheiro é dividido entre elas.
Antes em outra associação que envolvia todos os ribeirinhos, elas sentiram a necessidade de valorizar o papel das mulheres, pois fazem tudo na produção, desde a coleta no mato até a fase artesanal dos produtos.
Por isso, elas estão fazendo uma campanha pela internet, uma coleta virtual, para que possam comprar os itens necessários para a volta da produção. Máquina de produção de vela, molde de suporte artesanal, oval, retangular, parafina, bisnagas para cremes e outros produtos são o que precisam para reiniciar os trabalhos.
A coleta online tem a meta de conseguir R$ 11.673,49, dos quais, cerca de um terço já foram atingidos. Para ajudar, basta cessar o link vaka.me/1125099.