Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA
Mais de sete horas de fila, sol quente e perseverança fazem parte da rotina das milhares de pessoas que lotam, desde as primeiras horas da manhã, as agências da Caixa Econômica Federal para receberem as parcelas do auxílio emergencial pago pelo governo federal, no contexto da pandemia de covid-19.
Nem mesmo as lonas e coberturas que a Caixa tem colocado nas ruas em frente as agências de Macapá têm dado conta do contingente de pessoas. E desde o primeiro pagamento, os funcionários da Caixa tem se desdobrado para agilizar o atendimento e a efetuar os pagamentos.
E nessa hora, todo mundo ajuda. Não é incomum, aliás, tem sido o padrão, que até os trabalhadores vigilantes ajudem na tentativa de organizar as filas, passar informações e de alguma maneira agilizar todo o processo.
Mas, afinal, como o amapaense tem utilizado o dinheiro do auxílio emergencial? A ajuda financeira foi criada a partir do debate sobre a necessidade de isolamento social, com a grande paralisação do comércio, de fábricas, que abalou o conjunto da economia brasileira.
Com o desemprego crescente, o auxílio foi uma alternativa para que quase 65 milhões de brasileiros tivessem o sustento básico e pagamento de contas. E foi exatamente essa utilização que o Portal SelesNafes.Com teve como resposta de todas as pessoas com quem conversou na agência da Caixa da Rua 13 de setembro, no Buritizal, zona sul de Macapá.
Jhennifer Moraes, de 19 anos, está desempregada. Ela chegou à Caixa às 7 da manhã, e já passava do meio dia quando falou com a reportagem. Desempregada, o auxílio dela tinha uma destinação certa: pagar aluguel.
Ela estava na fila porque roubaram o celular dela e junto com ele os dados que não conseguiu recuperar. Mãe de dois filhos, mora com o esposo no Bairro dos Congós, também na zona sul. O marido não recebeu o auxílio, mas está incluído no Bolsa Família da mãe dele, a sogra de Jhennifer.
“Vou pagar o aluguel e comprar algumas coisinhas para os meus filhos. Alimentação também. Cheguei sete da manhã, já fiz um “s” aqui, deu duas voltas nessa fila, mas vou ficar e hoje saio com o auxílio daqui”, contou Jhennifer.
Já no caso de Werick Silva, de 24 anos, morador do Santa Rita, em uma área de pontes, tem utilizado o auxílio principalmente para fazer investimentos.
“Aqui é tudo investimento. Comprei máquinas, produtos e estou cortando cabelo lá em casa mesmo. O auxílio é correto, importante para quem precisa, para comprar remédio, pra quem não tem emprego fixo, que é muita gente, a maioria dos meus amigos e conhecidos, é difícil ver um que tenha conseguido emprego fixo, enfim, é importante”, declarou Werick.
Programas que os assistentes sociais chamam de “transferência de renda”, como o Bolsa Família mais a renda emergencial, é o que tem garantido o sustento dessas famílias. Muito criticados por parcela da sociedade e da classe política no passado recente, agora o governo federal discute, inclusive, a possibilidade da criação de um novo auxílio permanente, ainda sem valor definido, que seria chamado de “Renda Brasil”, uma espécie de nova Bolsa Família.