Por SELES NAFES
Há três meses e meio das eleições, a cidade de Oiapoque, município a 590 km de Macapá, vive um clima de incertezas na política. Depois de ver a prefeita ser afastada do cargo e retornar, desta vez a população assistiu a Câmara de Vereadores extinguir o mandato do vice-prefeito, Erlis Karipunas. A sessão foi realizada na tarde desta terça-feira (4).
Karipunas é acusado de acumular os salários de vice-prefeito e de professor da rede municipal, o que é ilegal. A legislação determina que em casos parecidos o servidor opte por uma das remunerações.
O ato de extinguir o mandato foi tomado pela mesa diretora da Câmara, sob o argumento de que confirmou a veracidade de uma denúncia formulada por um morador do município.
Ele protocolou representação, acompanhada de cópias de contracheques, afirmando que Erlis Karipuna estava acumulando o salário de R$ 4 mil como vice-prefeito e de R$ 4,2 mil como professor da rede pública do Estado, cujo contrato de trabalho era de 40 horas semanais. Em tese, o cargo de vice-prefeito é de dedicação exclusiva.
Erlis Karipunas foi eleito em 2016 na chapa encabeçada por Maria Orlanda Garcia (PSDB). Entre 1º de janeiro de 2017, quando ele foi empossado, e 03 de agosto deste ano, ele teria recebido indevidamente mais de R$ 172 mil.
O caso veio à tona depois que Erlis Karipuna entrou com força no jogo político e na corrida pela sucessão de Maria Orlanda ao assumir o comando da cidade durante afastamento dela do cargo de prefeita. Maria Orlanda é investigada pela Polícia Federal por uso indevido de produtos para combate à pandemia do novo coronavírus. Ele retornou ao cargo por força de uma liminar.
Como o mandato do vice foi extinto, os vereadores declararam vago o cargo. Nos bastidores da Câmara, são fortes os rumores de que os parlamentares tentarão agora aprovar o afastamento político de Maria Orlanda.