Jovem prodígio do piano, amapaense participa de concurso nacional

Nascida e criada no Bairro Universidade, na zona sul de Macapá, a talentosa jovem é filha de um motoxista e uma trabalhadora doméstica.
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Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA

Oriunda de escolas públicas do Amapá, a jovem amapaense Elaine Alves Loureiro, de 21 anos, que tem como compositores prediletos clássicos como Johann Sebastian Bach, Beethoven e Claude Debussy, está participando de um concurso nacional de pianistas, que tem votação pela internet como um dos quesitos decisivos.

Independentemente do resultado, sua trajetória já é uma vitória. Ela já alcançou uma bolsa de estudos no tradicional e concorrido Instituto Estadual Carlos Gomes, em Belém (PA), onde cursa bacharelado em piano, seu maior sonho.

Eliane com professora e colegas do Instituto Carlos Gomes, em Belém. Fotos: Arquivo Pessoal

Elaine Loureiro é finalista do concurso “Melhor sem palavras”, idealizado pela compositora e pianista carioca Monique Aragão. A disputa foi criada para incentivar a atividade cultural pianística e formar plateias em todo o Brasil.

O concurso já teve outras edições e ano está voltado para a Região Norte. Elaine passou pela primeira fase e é uma das 10 finalistas. A jovem pianista falou sobre como cada um pode participar.

“Essa é a fase do voto popular. Para você votar, basta você acessar o site https://moniquearagao.com.br/votacao/ e colocar o seu endereço de email, seu nome e marcar o meu nome, Elaine Loureiro, e apertar no botão votar”, explicou Elaine. 

A votação será encerrada no dia 8 de agosto. Acompanhe o talento de Eliane em ação:

Origem e história

Nascida e criada no Bairro Universidade, na zona sul de Macapá, filha de um trabalhador motoxista e uma trabalhadora doméstica, Elaine é grata pelas pessoas que passaram em sua vida, como os pais, uma tia e professores, que muito lhe ajudaram a chegar na possibilidade de estudar piano.

Sem dinheiro sequer para as passagens e com apenas uma vaga disponível no concurso que fez para o Carlos Gomes, as estatísticas estavam contra ela. Hoje já está no terceiro ano do curso de piano.

Masterclass no Teatro da Paz, em Belém (PA)

“Apesar das adversidades, meus pais sempre fizeram tudo o que podiam por mim e pelos meus irmãos. No último ano do ensino médio, que também era o último ano do técnico em piano do Walkíria Lima, eu me vi numa encruzilhada, pensando no que ia fazer para continuar estudando. Não tinha dinheiro para passagem, não tinha onde ficar em Belém e não sabia se eu ia passar ou não”, contou a jovem.

Com a orientação da professora de piano Tanisa Silvana, preparando Elaine para o processo seletivo, foi possível alcançar a vaga. Com a ajuda da tia Conceição, foi possível conhecer Belém e a inscrição no Instituto Carlos Gomes.

Eliane com as queridas orientadoras

Ela exalta a referência e o orgulho de estudar em um instituto que é uma referência nacional e internacional na música, mesmo sendo uma estudante de raízes origem humilde.

“Sei que pode parecer clichê e ‘siga seus sonhos’ pode ser piegas, mas eu diria, principalmente para as pessoas que vieram da mesma realidade que eu: seja resistência. Porque quando se decide fazer música em um país que não valoriza a cultura, que tem apenas uma secretaria de cultura e não ministério, e você decide fazer música, você está sendo resistência, ainda mais sendo pobre”, orgulha-se Elaine Loureiro.

Seles Nafes
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