Por SELES NAFES
O Ministério Público do Amapá expediu recomendação, nesta sexta (11), para que a Fundação Bioparque da Amazônia deixe de receber animais silvestres. O MP alega que eles estariam sendo colocados em locais impróprios e expostos a visitantes. A direção da fundação negou, mas disse que irá acatar.
A recomendação diz que o Bioparque precisa procurar o Centro de Triagem de Animais Silvestres do Ibama para que sejam tomadas medidas para reintrodução dos espécimes à natureza. A recomendação também diz que é necessário garantir a segurança de animais, funcionários e visitantes.
“A recomendação fundamenta-se em informações de que animais como: jacaré-açu, peixe-boi e serpentes, recebidos no Bioparque, são expostos em lugares impróprios e, em alguns casos, servem de atrações para visitantes, com situações de manipulação e como atrativo turístico na hora de refeição destes animais”, divulgou o MP.
Procurado, o diretor da Fundação Bioparque, Richard Madureira, disse que a partir de hoje a entidade não receberá mais animais levados pelo Corpo de Bombeiros e Batalhão Ambiental, e lamentou que a recomendação não aponte para onde eles devam ser enviados, especialmente quando chegam feridos e debilitados, como foi o caso o jacaré cego de um lado e do filhote de peixe-boi.
“O Cetas não está recebendo animais e nenhuma outra unidade no Amapá. Esse papel de cuidar dos animais silvestres seria do Estado, que não tem um local para isso”, frisou Madureira.
Ele negou que os animais tenham sido colocados em locais impróprios, e ressalto que não vê problema em devolvê-los à natureza, desde que haja indicação de especialistas para isso.
“O peixe-boi, por exemplo, está sendo acompanhado pelo Instituto Mamirauá (AM). É com eles o indicativo de reintrodução à natureza. Não há locais impróprios no Bioparque, muito pelo contrário. Os animais são acompanhados por veterinários, biólogos, têm alimentação diária e estão sendo reabilitados”.
Richard Madureira criticou o fato de a recomendação ter sido expedida sem que uma equipe do MP tenha ido primeiro ao Bioparque checar a situação, ou pelo menos que pedisse explicações.
“Vamos lamentar que a partir de agora os animais não terão nenhum local para receber cuidados. Quase todos os dias o Batalhão leva animais, e muitos não recebemos por não termos condições de abrigar todos”.