Da infância difícil para o alto escalão: 1ª mulher trans assume secretaria

Sâmylla Rocha, de 27 anos, é capoeirista e coordenadora do Amapá Jovem. (Foto: Marco Antônio P. Costa)
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Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA

O Amapá terá, ao menos por 30 dias, a primeira mulher trans ocupando um cargo do primeiro escalão do Governo do Estado do Amapá. É a jovem Sâmylla Rocha, de 27 anos, capoeirista e coordenadora do Amapá Jovem, programa da secretaria que ela assumiu nesta semana.

A Secretaria Extraordinária de Políticas para a Juventude (Sejuv) tem como titular da pasta Pedro Filé, que licenciou-se para férias e contará com Sâmylla para seu lugar interinamente. 

Nascida no popular Bairro do Perpétuo Socorro, na zona leste de Macapá, Sâmylla tem na mãe e uma tia seu ponto de impulso inicial. A mãe solo foi fundamental no processo de enfrentamento às discriminações e bullyng.

Ela conta que desde muito cedo sempre identificou-se como menina, como mulher. Só aos 13 anos contou para a mãe , que gostava de meninos. Foi difícil a aceitação. Dentro do seio da própria família sofreu preconceito e não foi fácil se afirmar.

Se hoje conjuga as dificuldades em tempo verbal passado, não é porque a discriminação e LGBTfobia tenham acabado, mas é que conquistou espaços e se sente mais forte para enfrentá-los.

“Fui a primeira servidora do Estado, mulher trans, a ser nomeada com meu nome social no Amapá. Estamos fazendo um levantamento, talvez seja a primeira secretária de Estado a ser secretária mesmo. É um desafio muito grande, mas também é satisfatório e em nome de Deus e junto com a minha equipe, espero tirar isso de letra”, declarou Sâmylla

A jovem enfrentou o preconceito e hoje ocupa lugar de destaque no serviço público. (Foto: Marco Antônio P. Costa)

Transição

Aos 18 anos, Sâmylla começou, mais efetivamente, seu processo de transição.

“Aos 18 anos foi quando eu comecei minha transição mesmo. Eu já estava de maior e precisava demonstrar quem eu era, quem eu queria ser mesmo. Hoje ainda estou nesse desenvolvimento e adaptação e, ainda hoje, sofro preconceito, mas o que eu sofri lá atrás, com o preconceito e também as necessidades de uma infância pobre, tudo aquilo, me fortalece hoje. Quando tive o apoio da minha mãe e da minha tia Rosana, nunca mais olhei pra trás”, complementou Sâmylla.

Trabalho

Quanto ao trabalho, Sâmylla tem foco nos programas que a Sejuv já desenvolve, especialmente ao Amapá Jovem, programa que capacita jovens de baixa renda para perspectivas de vida, lhes dando condições de terem uma visão de mundo diferenciado, focados na educação e no apoio social.

Seles Nafes
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