Partido direciona 60% do fundo para esposa de dirigente

Candidata a vereadora Carol Silva com o marido e presidente do Patriota, pastor Dídio: critério revoltou outros 22 candidatos a vereador. Foto: Reprodução Facebook
Compartilhamentos

Por SELES NAFES

Esta será a primeira eleição que a dona de casa Carol Silva (Patriota), de 41 anos, vai disputar. Dentro da legenda, no entanto, a estreante candidata a vereadora tem uma vantagem abissal para os outros 22 candidatos do partido, pelo menos quando o assunto é financiamento de campanha. É que dos R$ 150 mil distribuídos até agora pela direção do partido, R$ 90 mil foram direcionados a ela, que é esposa do presidente estadual da legenda, o pastor Dídio Silva.

Esse era o principal assunto entre militantes e cabos eleitorais numa reunião em um dos comitês da campanha nesta terça-feira (27). “Não é justo” era a frase mais repetida.

O Portal SelesNafes.Com pesquisou entre os candidatos a vereador pelo Patriota no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e confirmou o que os militantes da legenda já suspeitavam: há favorecimento da legenda para a esposa do pastor, que é candidato a vice-prefeito de Macapá na chapa do pastor Guaracy (PSL).

Dídio, aliás, está com a candidatura indeferida por condenação numa ação que apurou compra de votos em 2018, pleito em que concorreu ao cargo de deputado federal. Ele recorre do indeferimento.

Candidata esposa do presidente do Patriota aparece com a maior parte dos recursos distribuídos até agora. Fonte: TSE

No levantamento do portal entre os candidatos do Patriota, foram selecionados os 11 primeiros nomes da lista por ordem alfabética, e o resultado é uma discrepância. Enquanto Carol Silva ficou com 60% dos recursos do fundo, que é composto de dinheiro público, Bené do Help, por exemplo, precisou se contentar com R$ 1.160,00. Diron Burg, por exemplo, ficou com R$ 720,00.

Mas ele ainda se saiu melhor que Bibi Bocão, que não recebeu um só centavo. Veja outros exemplos:

Cabo Tenório        R$ 2.100,00

Carlos Evangelista R$ 7.000,00

Derick Nunes       R$ 5.750,00

Diron Burg           R$ 700,00

Gargamel             R$ 1.610,00

Josué de Jesus     R$ 0,00

Lúcia Souza        R$ 6.640,00

Jeandre               R$ 3.000,00

Jean Triuno        R$ 0,00

Bené recebeu R$ 1.160,00

Bibi Bocão: R$ 0,00

Casos de distribuição desigual de dinheiro do fundo de campanha se arrastam desde a eleição de 2016, mas, até hoje, o Congresso Nacional ou o TSE não criaram regras mais justas.

Procurado, o pastor Dídio alegou que a decisão de repassar os R$ 90 mil para sua esposa partiu da direção nacional do partido.

“Mas os outros candidatos receberão mais apoio. Essa distribuição de recursos no Brasil não tem uma certa democrática, por assim dizer. Tem partido que recebe quase R$ 200 milhões, e outros nada”, ponderou.

Quem manda?

O presidente municipal do Patriota, Rômulo Pereira, negou que exista prioridade para candidatos, mas não conseguiu explicar porque Carol Silva recebeu R$ 90 mil.

“Eu sou candidato, presidente do partido, e recebi R$ 3,1 mil. Esses R$ 90 mil não são de uma candidata. Existem despesas dentro do Patriota. O partido não quer beneficiar ninguém. Não temos o que esconder. Não temos essa intenção. O candidato que está reclamando é porque quer a maior parte. Não queremos tomar e nem enganar ninguém. A partilha é de domínio público. E a campanha ainda não acabou”, disse ele.

“Sou o administrativo (do partido). Quem está à frente é o pastor Dídio. O que a gente faz é: quem é o candidato tal? Qual o trabalho dele? A gente tenta ajudar. Estamos trabalhando cada candidato. Ninguém recebeu ainda. A briga é por uma coisa que ainda não existe. A eleição não acabou ”, acrescentou.

No fim da tarde, a direção do Patriota precisou se reunir com os candidatos para acalmar os ânimos e explicar o critério de distribuição do dinheiro.

Seles Nafes
Compartilhamentos
Insira suas palavras de pesquisa e pressione Enter.
error: Conteúdo Protegido!!