Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA
Por mais irônico que possa parecer, em plena crise de apagão elétrico no Amapá, o Produto Interno Bruto (PIB) teve crescimento justamente puxado pela produção de energia elétrica, segundo dados apresentados nesta sexta-feira (13) pela Secretaria de Planejamento (Seplan) e pelo IBGE. Contudo, os dados são referentes ao ano de 2018.
A divulgação, em meio à crise, apenas destaca o que muito tem se falado nestes dias: o Amapá produz muito mais energia do que necessita, e a venda do excedente produzido nas quatro hidroelétricas que existem no Estado foi o que fez a variação do PIB ficar em 2,3%. O crescimento do setor, que é uma indústria de transformação, foi de 1,1% para 2,5%
O secretário de Planejamento do Amapá, Eduardo Tavares, fez uma reflexão sobre a contradição de o Amapá ser um estado exportador de energia elétrica e, ao mesmo tempo, estar passando por essa situação atual.
“É muito difícil para a população entender nesse momento, a gente entender que continuamos crescendo na produção e que mesmo produzindo essa energia tá sendo gerada, indo embora, e a gente não consegue acessar energia que tá sendo produzida aqui. A gente tem debatido muito no governo do Estado, no gabinete de crise, discutindo com o próprio governo federal que energia hoje não é uma questão só econômica, não é só essencial para o desenvolvimento, é uma questão humanitária”, declarou o secretário.
Na contramão deste crescimento, o setor agropecuário sofreu uma redução: agricultura reduziu de 8% para 5%, e a pecuária de 5% para 4%.
Economia do contracheque
Mesmo que com o passar dos anos essa relação venha se alterando timidamente, persiste a administração pública, o Estado, governo federal e os municípios, como principais impulsionadores da economia amapaense.
À administração pública, correspondem 45,9% das riquezas produzidas no Estado, seguido de perto pelo setor terciário – comércio e serviços -, com 40,6% de contribuição no bolo da economia.
À indústria, como o setor elétrico que desta vez puxou o crescimento do PIB, competem 11,7% do PIB e o setor primário, como agricultura e mineração, por exemplo, contabilizaram 1,8 de contribuição para o produto interno bruto do Amapá.
Região Norte
A Região Norte, como um todo, segue com contradições em relação ao seu desenvolvimento econômico e social. É a região mais vasta, menos populosa e com o menor índice de desenvolvimento humano (IDH) do país.
Dentro da Região Norte, o Amapá está na frente apenas do Acre e de Roraima, sendo uma das menores economias do país.