Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA
O policial civil Leandro da Silva de Freitas, de 30 anos, acusado pelo feminicídio de Ana Kátia Silva de Almeida, morta aos 46 anos, teve a prisão preventiva convertida em prisão domiciliar, nesta sexta-feira (27). A decisão, do juiz Moisés Ferreira Diniz, da 1ª Vara do Tribunal do Júri de Macapá, revoltou a família da vítima.
Dona de um buffet, ela foi morta em uma quarta-feira, dia 8 de julho, durante uma festa de aniversário da sua nora, no Bairro Jardim Equatorial, zona sul de Macapá. O crime teve grande repercussão e comoção na cidade.
Na época, Leandro foi preso em flagrante. Desde então, cumpria prisão preventiva no Centro de Custódia do Bairro Zerão, também na zona sul.
“Dessa forma, e por força do art. 282 do CPP, converto a prisão preventiva do acusado Leandro da Silva de Freitas em prisão domiciliar, consistente no recolhimento do acusado em sua residência, só podendo dela ausentar-se com autorização judicial”, diz trecho da decisão.
Revolta
Além de revoltados, os familiares de Kátia também estão amedrontados. Irmãs, primos, primas, sobrinhos reuniram-se na casa da família com faixas, camisas em memória de Kátia, máscaras, em um clima de consternação.
Além da perda de Kátia, a matriarca da família também faleceu poucos dias depois do assassinato da filha.
“Revolta, tristeza, raiva, de clamor. Isso é uma dor muito grande pra gente. Como que uma pessoa, um homem dessa origem, tira uma vida de uma pessoa de bem, uma pessoa inocente e hoje ele pode voltar pra casa dele e dormir no ar condicionado? A minha família ser surpreendida por mensagens, por comemorações nas redes sociais? Isso não é uma vitória, viu? Isso ainda é só o começo de uma grande luta, que a gente está só começando. A família não vai se calar, não vamos sentar e esperar as coisas acontecerem. A justiça tem que nos dar uma resposta”, declarou Ana Tereza, irmã de Kátia.
A família também alegou se sentir ameaçada e amedrontada, como ocorreu, segundo afirmam, em uma audiência do caso. Além disso, a irmã e os demais parentes apontam as contradições de Leandro e reclama que ele muda repetidamente suas versões.
“Primeiro ele confessou, depois negou, depois disse que não se lembra do ocorrido e vai mudando conforme os conselhos dos advogados”, esbravejou a irmã da vítima.
Defesa
O advogado de Leandro, Charlles Bordalo, afirmou que o seu cliente tem o direito constitucional de responder ao processo em liberdade. Afirmou que Leandro preenche os requisitos legais para isso e que estava preso há mais tempo do que determina a lei.
Além disso, Bordalo levantou uma tese polêmica.
“Além do mais, existem profundas dúvidas de que tenha sido o filho de Kátia que disparou contra Leandro, cujo projétil atingiu a mãe”, aventou o advogado.