Por SELES NAFES
A família do adolescente morto numa intervenção do Bope no residencial Macapaba I, na zona norte de Macapá, no último dia 2, quer que o corpo do jovem seja exumado, e nega que ele tenha atirado contra os policiais. Enquanto isso, o comando do batalhão defende a ação da equipe e diz que caberá ao judiciário julgar os fatos com base em investigação.
A intervenção do Bope ocorreu às 5h no bloco 4 do residencial. Os policiais afirmam que suspeitos atiraram contra a equipe, e que a perseguição a um deles levou os policiais até o apartamento de Deivid Cauã Sales Pereira, de 16 anos.
Os policiais afirmaram no registro da ocorrência que, ao entrar no apartamento, o adolescente atirou contra os policiais, que revidaram e o atingiram. O Bope apresentou na delegacia de polícia um revólver calibre 38 e drogas que teriam sido encontradas no apartamento.
No entanto, Lilian Sales, a mãe do rapaz, afirma que tinha saído horas antes para tentar sacar o auxílio-emergencial e que o filho tinha ficado dormindo no apartamento. A porta teria sido aberta por Deivid pensando que era ela retornando.
“Ao entrarem no apartamento, tendo a porta sido aberta voluntariamente por Deivid, as declarantes acreditam que houve prática de tortura contra a vítima, pelo que se requer desde logo que haja exumação do cadáver e a realização do laudo competente”, diz uma declaração assinada pela mãe e irmã de Deivid, e enviada ao Portal SelesNafes.Com pelo advogado Marcelo Lisboa.
Na declaração, a família diz ainda que o jovem foi baleado na cozinha, e que não havia drogas no apartamento.
A família está pedindo que o Ministério Público e a Polícia Civil procedam com uma investigação “séria e imparcial acerca dos fatos, a fim de evitar que outros jovens sejam covarde e brutalmente assassinados por agentes públicos”.
Terrorista
Procurado, o comandante do Bope, major Kleber, pediu cautela e lembrou que a Politec ainda precisa divulgar os laudos de perícia do apartamento e do corpo. Este último indicará se houve ou não tortura.
“Não existe isso (tortura)”, afirmou.
O comandante lembrou que foram abertos inquéritos na Polícia Civil e na corregedoria da PM, e que os resultados serão enviados ao Ministério Público que denunciará ou não a equipe policial, com base em laudos e depoimentos.
“São ilações e os parentes nem mesmo têm certeza do que aconteceu. Uma nota dessa (enviada pela família) que busca macular a imagem dos policiais, ao final de tudo nós também procuraremos reverter isso”, frisou, se referindo-se a um possível processo contra a família.
“Faltou nessa nota destacar quem era ele (Devid). Temos vários vídeos dele expondo uma arma em assaltos, inclusive, muito parecida com a que foi apreendida. Ele se dizia um terrorista por fazer parte de uma facção que domina o Macapaba. Tudo o que a família afirma será derrubada nos laudos”, assegurou.