Por OLHO DE BOTO
A Polícia Civil indiciou o principal suspeito de ter assassinado o irmão de um policial civil que foi encontrado morto há seis dias dentro de casa com um tiro na cabeça. O suspeito, que possui um empreendimento vizinho a casa da vítima, se apresentou à polícia na segunda-feira (25) e entregou um revólver, que teria sido a arma usada no crime.
O autônomo Raimundo Cleberson de Souza Pereira, de 45 anos, confessou ter matado Hernandes Machado da Costa, 46 anos.
O corpo da vítima foi achado por vizinhos já em estado de decomposição, dentro de um dos cômodos de onde morava, um prédio localizado na Avenida Pedro Lazarino, esquina com a Rua Hildemar Maia, no Bairro Buritizal, zona sul de Macapá, na tarde do dia 21 de janeiro.
O acusado, dono de uma panificadora vizinha ao prédio onde a vítima morava, foi indiciado por homicídio duplamente qualificado – motivo fútil e impossibilidade de defesa da vítima.
Segundo o delegado Wellington Ferraz, da Delegacia de Homicídios, o autor disse ter disparado três vezes contra Hernandes. Um dos tiros atingiu o olho direito da vítima, que morreu na hora. O crime teria ocorrido na manhã do dia 20, entre 7h e 8h. Na tarde do dia seguinte, o corpo de Hernandes foi encontrado.
De acordo com Ferraz, a motivação é banal: o incômodo dos latidos dos cães do acusado, que ficavam na parte de trás do empreendimento, de fundos com a casa da vítima. Eles já haviam discutido por conta deste problema.
“Inclusive temos depoimentos que confirmam que o investigado já tinha ameaçado a vítima de morte por conta dessas discussões causadas pelos cães do autor”, revelou o delegado.
Ele informou que, em depoimento, o acusado contou que momentos antes do crime houve uma discussão entre a sua esposa e a vítima, no momento em que ela foi colocar comida para os cachorros. Hernandes, segundo a versão do acusado, teria agredido a mulher fisicamente e com palavras de baixo calão. Em seguida, o autor fez três disparos, dos fundos da padaria para dentro da casa da vítima.
Contudo, o delegado não descarta a possibilidade do crime ter sido premeditado e não cometido no “calor da emoção”, como afirma o autônomo. Para o delegado, alguns pontos da versão precisam ser esclarecidos. Um deles é quanto às agressões físicas relatadas pelo acusado.
“Havia uma grade entre os dois imóveis, fica difícil de ocorrer essas agressões. Ademais, o autor já tinha ameaçado a vítima de morte”, questionou do delegado.
Por conta dessas inconsistências na versão do acusado, a polícia pediu a prisão preventiva do autor, mas a Justiça amapaense negou. Entretanto, concedeu dois mandados de busca e apreensão na padaria e na residência do suspeito.
“Estávamos atrás de munições porque ele apresentou uma arma e contou que tinha apenas as três munições usadas no crime, mas não encontramos, acreditamos houve tempo hábil para ele fazer a retirada desses materiais do local”, deduz Ferraz.
Apesar dos pontos a serem esclarecidos, não há dúvida de que Cleberson foi mesmo o autor do crime. As investigações continuam e após a conclusão, o inquérito será enviado ao Ministério Público Estadual.