Por ARTEMIS ZAMIS, articulista e empresário
Já se foram 57 anos desde que, liderados pelos generais Humberto de Alencar Castelo Branco e Golbery do Couto e Silva, militares conspiraram e deram o golpe militar no governo de João Goulart (o Jango), eleito democraticamente, mas acusado de comunista. Assim, apoiados pela elite, imprensa, vários governadores e os EUA, eles promoveram a ruptura democrática e impuseram ao Brasil 21 anos de ditadura militar.
A ditadura foi um regime que, governando através de Atos Institucionais, fechou o Congresso, prendeu, torturou, matou, exilou opositores e até hoje centenas são considerados desaparecidos.
A democracia sofria ali seu mais duro golpe com o cerceamento de direitos, censura à imprensa, a cultura, à liberdade de expressão, intervenções em instituições, cassação de mandatos de políticos, juízes, repressão generalizada em sindicatos e movimentos sociais e toda sorte de torturas a quem ousasse enfrentar ou criticar o regime.
Um período que o povo deveria conhecer mais, para que em momento algum de hoje ou do futuro, sequer possa se cogitar sua possível volta. Hoje, muitos dos que apoiam o período atual, talvez nunca mergulharam na história para conhecer o quão difícil foi esse período triste por que passaram e sofreram milhares de pessoas.
Por sorte, temos ainda hoje sobreviventes que podem testemunhar a crueldade das torturas sofridas tanto diretamente em seus corpos e psicológico, como pelos parentes que sofreram com algum ente querido morto ou desaparecido pelo regime ditatorial.
Não cabe mais permitir que ignorantes se arvorem em desejos de volta da ditadura. O povo é soberano e há de se posicionar sempre contra o horror do negacionismo e do fascismo. O Brasil da ditadura será sempre da história e nunca mais do presente ou do futuro. Valorizemos a democracia, nossos direitos constitucionais, a Carta Magna e nossas liberdades. Nossos filhos e netos, dependem exclusivamente do que hoje defendemos.
Nunca mais perseguições, nunca mais prisões políticas, torturas, desaparecimentos de pessoas, cassações deliberadas, restrições. Nunca mais sofrimentos psicológicos nem Atos Institucionais.
Não temos absolutamente nada a comemorar de 31 de março de 1964. Há de se lembrar sim, das feridas ainda expostas.
Há de se preservar e lutar pela democracia, pois sem ela, não há direitos, não há vontades próprias, nem tão pouco dignidade. Um povo livre é um povo feliz, nação respeitada e exaltada no mundo moderno.
Sejamos de novo um povo unido pelo ideal de nossas liberdades individuais, por trabalho, por educação, por uma economia forte, por saúde digna, por um estado laico e por um povo livre de preconceitos raciais, homofóbicos, misóginos. Que todos, indistintamente, possam ser pessoas com pensamentos livres e não mais tutelados pelo estado.
Ditadura nunca mais!