Por SELES NAFES
O Conselho Regional de Enfermagem do Amapá (Coren) criticou a decisão da prefeitura de Macapá de distribuir, sem supervisão e prescrição médicas, itens do chamado ‘kit covid’ para que a população possa fazer uma espécie de tratamento precoce contra o coronavírus. A entidade lembrou que os profissionais têm o direito de se recusar a participar da distribuição que começou nesta quinta-feira (5), e teve o ponta pé inicial do próprio prefeito Antônio Furlan (Cidadania), que é médico. O Conselho Regional de Medicina (CRM) discordou do posicionamento do Coren e afirma que a iniciativa é válida.
O Conselho de Enfermagem afirma que o artigo 22 do Código de Ética ampara os profissionais que não quiserem participar desse tipo de procedimento. Os trabalhadores têm o direito de “recusar-se a executar atividades que não sejam de sua competência técnica, científica, ética e legal ou que não ofereçam segurança ao profissional, à pessoa, à família e à coletividade”.
Os kits são compostos por vitaminas C, D e zinco, além de máscaras e ivermectina, medicamente indicado para o tratamento de parasitas. A prefeitura diz que o objetivo é aumentar a imunidade da população, que assim estaria mais protegida contra o coronavírus.
O Coren diz que não se opõe a programas de prevenção elaborados pela prefeitura, mas defende que os kits sejam entregues com supervisão médica. A iniciativa municipal seria, na verdade, um estímulo à automedicação.
CRM
O Conselho Regional de Medicina acredita que os kits não oferecem risco à população, pelo contrário.
“São suplementos vitamínicos. Há 52 estudos que comprovam que a ivermectina, que já é distribuída nas unidades, impede a replicação viral na fase inicial da doença. Não é cura. Não há outros medicamentos neste kit, como a hidroxicloroquina. É uma prevenção primária para melhorar a imunidade das pessoas”, avaliou o presidente do CRM, Eduardo Monteiro.