Por RODRIGO ÍNDIO
Pai de três filhos, casado, apaixonado por futebol e desde os 18 anos na Polícia Militar. O tenente Fredson Mota Amanajás, ou Mota, como era conhecido, já poderia ter se aposentado (25 anos de serviço). Contudo, o amor pela profissão lhe fez continuar. Ontem (25), depois de enfrentar o perigo nas ruas em duas décadas e meia de carreira, ele sofreu a primeira derrota para um inimigo: a covid-19.
Integrante do seleto grupo de agentes da segurança pública que, além do combate à violência urbana desempenham função essencial durante a pandemia, Mota foi contaminado e internado no dia 12 de março no Hospital Universitário, segundo informou a família. Ele completaria 45 anos no dia 10 de abril.
Atuante, trabalhou no 6° Batalhão, no antigo BRPM (atual Força Tática), e atualmente estava no Centro Integrado de Operações em Defesa Social (Ciodes). Há 5 anos, teve tuberculose e conseguiu se recuperar. Sua morte comoveu muitas pessoas pelo militar e cidadão exemplar que era.
O cortejo passou pelo Comando Geral da PM, Ciodes e no residencial onde Mota residia com a família, até chegar ao Cemitério São José, no Bairro Santa Rita. Salva de palmas e tiros marcaram as homenagens de despedida.
O comandante da PM, coronel Paulo Matias, prestou condolências à família durante o trajeto e entregou a bandeira do Amapá para a mãe da vítima. O gesto visa lembrar a importância dos serviços prestados por Mota e retrata a perda do grande profissional.
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Cortejo passou pelo Comando Geral da PM…
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…Ciodes, onde estava trabalhando atualmente…
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…e no residencial onde morava com a família. Fotos: Rodrigo Índio
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Mota: 27 anos de serviços nas ruas
Baixas
Fredson Mota Amanajás foi o 16° policial militar morto por complicações ocasionadas pela covid-19 desde o início da pandemia. Foram 14 profissionais da reserva remunerada e 2 da ativa.
“Tendo em vista a relevância dos serviços prestados por cada policial militar e os seres humanos valiosos que eles eram tanto para seus companheiros de profissão, familiares e amigos, a corporação sente muito pela perda de cada um deles, principalmente dentro de suas respectivas atribuições, pois cada servidor é essencial para o andamento da Polícia Militar do Amapá”, disse a Diretoria de Comunicação da PM.
Sobre o número de contaminados, a instituição resumiu-se a dizer que “é um dado estratégico da PM-AP”.
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Comandante da PM entrega Bandeira do Amapá a familiar
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Momento de fé e aplausos nas últimas homenagens
Para detectar o vírus na corporação, desde maio de 2020 a Diretoria de Saúde da PM estruturou um atendimento ambulatorial voltado exclusivamente para policiais militares que apresentassem sintomas de covid. O serviço também é destinado para os assintomáticos.
“Além disso, a Polícia Militar do Amapá disponibiliza desde o semestre passado a realização de testes rápidos para os policiais militares, e, desde o dia 24 de março deste ano, a PM-AP disponibilizou aos militares da corporação o exame RT-PCR, considerado padrão ouro (o melhor exame) indicado pela OMS para diagnostico da covid-19”, concluiu a comunicação da PM.