Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA
A Octopus, operação contra um esquema de corrupção entre prefeituras amapaenses e empresas deflagrada nas primeiras horas da manhã desta sexta-feira (23), apreendeu pelo menos R$ 34 mil em espécie, uma moto e prendeu seis pessoas, no cumprimento dos mandados durante todo o dia de hoje, informou em entrevista coletiva o Grupo de Atuação Especial para Repressão ao Crime Organizado (Gaeco).
Ainda há outros seis mandados de prisão em aberto e os alvos dos mandados são considerados foragidos da justiça. Tanto os nomes das pessoas presas, quanto das pessoas foragidas não foram divulgados porque os processos ainda correm em segredo de justiça.
Os mandados foram cumpridos em Macapá, Santana, Ferreira Gomes, Tartarugalzinho, Cutias e Itaubal, e ainda não foram contabilizados tudo o que foi colhido. Os alvos foram endereços comerciais, residenciais e órgãos públicos, mas nenhum deles foi cumprido na prefeitura de Macapá, como chegou a ser especulado nas redes sociais.
“Se percebeu que empresários através de acordos para burlar a lei de licitações e com cometimento de crimes como organização criminosa e corrupção, se infiltrando pelos diversos municípios do Estado, como se fossem tentáculos de um polvo. Em resumo, a operação trata desse acordo entre empresários e agentes públicos para burlar licitações e para desvio de patrimônio público”, disse o promotor de justiça Rodrigo Assis, do Gaeco.
Num dos endereços visitados pelas equipes foram encontrados R$ 14 mil. Em outro, R$ 25 mil, além de uma moto, documentos, notas fiscais, computadores e celulares. Em um dos casos, também foi feita a apreensão de uma arma de fogo.
A operação contou com a participação de 210 homens e mulheres da PM, Polícia Civil, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e do Gabinete Militar do Ministério Público do Amapá.
Fraudes
Numa coletiva quase no fim da tarde, a promotora Andréa Guedes, coordenadora do Gaeco, não revelou detalhes do esquema, mas informou que as investigações estão sendo feitas desde 2018 e que essa operação só não tinha ocorrido antes devido aos decretos da pandemia de covid-19.
Ela ressaltou, também, que o município de Ferreira Gomes está na origem das investigações e é o epicentro de atuação da organização criminosa que, no entanto, espalhou seus “tentáculos” para outros municípios, daí o nome da operação.
Sem precisar valores, a promotora afirmou que prejuízo ao erário público é de milhões de reais e destacou o que considerou absurdo.
“Em 2020, em plena pandemia foi gasto quase R$ 2 milhões com obras que não tinham justificativa, quer dizer, para uma prefeitura que não justifica esse valor, então, a atuação nossa é justificada”, contou a promotora Andréa.
A prefeitura citada é a do município de Ferreira Gomes, dirigida por Divino Rocha (PP), reeleito em 2020. A promotora confirmou que a primeira dama do município é uma das pessoas que está foragida. Nenhum prefeito está com mandado de prisão, também esclareceu o MP.
A coordenadora do Gaeco relatou a população de Ferreira Gomes teria aplaudido os agentes em ação e queriam, inclusive, fazer uma carreata em apoio à Octopus.
As buscas pela prisão dos foragidos irão seguir, assim como as investigações.
“Milhões, com certeza. Pela documentação que nós apreendemos hoje vai ter que ser feita uma perícia contábil”, finalizou a promotora Andréa Guedes.