Por ARTEMIS ZAMIS, empresário e articulista
As manifestações do último fim de semana trouxeram um forte alento a todos aqueles que, de alguma forma, anseiam pela volta da normalidade democrática, da volta da política séria e dos direitos do cidadão, conquistados com muita luta nas ultimas décadas. Uma das pautas das manifestações versava sobre mais vacinas, que é sem dúvida uma das mais importantes nesse momento pandêmico pelo qual passamos.
Sabe-se que a gestão deste governo no tratamento da pandemia foi deliberado e único no mundo no sentido de promover no país um caos ainda maior do que já se anunciava. O desprezo, o deboche, o sarcasmo e a negação à ciência foram determinantes para as mais de 460 mil mortes ocorridas no nosso país. O governo deixou de adquirir mais de 70 milhões de vacinas da Pfizer em 2020 e o Instituto Butantã ficou sem respostas as 3 ofertas feitas ainda em 2020 de mais de 60 milhões de doses, conforme declarou o diretor geral do Instituto Butantã Dimas Covas na CPI da Covid, onde apresentou os 3 ofícios endereçados ao Ministério da Saúde que nunca tiveram respostas. Estava aí comprovado o projeto de morte.
Vale muito ressaltar que a pauta de Mais Vacinas das manifestações é de total pertinência. Vemos hoje no país um total descontrole de aplicações da segunda dose, principalmente pela falta da vacina que o governo, por incompetência e irresponsabilidade, não se articulou a tempo com os países fornecedores.
Além disso e mais importante ainda é o fato de que no Brasil hoje, três universidades federais, a UFMG, UFRJ e a UFPR desenvolvem vacinas para a Covid-19 e justo agora, em pleno processo de finalização, o governo diminui em 18% o orçamento para essas e outras Universidades o que as obrigou a pedir socorro aos governadores e prefeituras locais, para viabilizar inclusive a última fase clínica de testes. Os estados e municípios fazem o que podem e os recursos arrecadados são insuficientes para viabilizar tão importante pesquisa que nos tornaria independentes na fabricação do imunizante.
O Ministério de Ciência e Tecnologia pediu em ofício ao Ministério da Economia a edição de medida provisória para abertura de créditos extraordinários no valor de R$ 720 milhões para as universidades federais seguires com os estudos pelo imunizante, mas o que se constata é que o governo ignora ou dificulta a liberação dos recursos deliberadamente. Não há interesse em combater a pandemia e isso é patente em todas as falas do presidente e seus comandados responsáveis pela área da saúde.
A queda no orçamento para as universidades federais vem caindo desde o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff que em seu ultimo ano de governo direcionou 10 bilhões para as universidades federais. Já no governo Temer, o valor caiu para R$ 9,1 bilhões em 2016, R$ 7,5 bilhões em 2017, R$ 6,6 bilhões em 2018, e com Bolsonaro a redução chegou a R$ 4,5 bilhões, em 2021.
As universidades federais têm um importante papel em pesquisas de um modo geral, mas nada é mais premente agora que estas pesquisas das vacinas para a covid-19 em um momento difícil em que morrem mais de 2 mil pessoas diariamente e que IFAs chegam em numero insuficiente para a produção das vacinas, bem como as já prontas chegam aos poucos em consequência da falta de compras no devido tempo.
Infelizmente, não vemos o governo se articular para promover um grande debate e meios para o combate a pandemia. Constata-se o descaso o despreparo e o deboche às vidas perdidas e às famílias enlutadas. Por isso, as manifestações de sábado (tiveram grande importância com esta pauta. Almejamos que mais gente se mobilize mais pessoas acreditem que só com protestos bem articulados podemos alcançar sonhos de um país melhor, democracia plena, direitos de cidadania e liberdade para todos.
Unamo-nos todos e já!