Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA
A crise nacional da Coronavac, com fortes expressões em Macapá, alcançou um novo patamar na noite desta segunda-feira (10) e madrugada desta terça-feira (11). Centenas de pessoas, entre idosos e parentes, passaram a madrugada marcando um lugar na fila para terem acesso à segunda dose (D2) do imunizante.
O Portal SelesNafes.Com esteve em dois dos principais locais de vacinação. Na Praça Floriano Peixoto, no centro de Macapá, pelo menos 150 carros estavam estacionados ao redor das quatro ruas que circundam a praça.
Com a data marcada ultrapassada em muitos dias e várias tentativas frustradas de tomar a segunda dose, os pontos começaram a ser ocupados assim que a Prefeitura Municipal de Macapá divulgou em suas redes sociais que o público alvo seria o de idosos de 64 anos, grávidas e puérperas com comorbidades para primeira dose (D1) de Astrazeneca.
O dia já tinha sido agitado, com muitos questionamentos de o porquê a PMM ter voltado ao público de D2 de 75 anos e a cobrança nas redes sociais da prefeitura durou o dia inteiro.
No entanto, Vera Pinheiro, de 68 anos de idade, não teve dúvidas de chegar ‘cedo’ para tentar garantir sua segunda dose. A entrevista foi gravada por volta das 22h30min.
Primeiro da fila
O primeiro da fila chegou no local às 18 horas e se conseguisse ser vacinado por volta das 8h da manhã teria ficado incríveis 14 horas na fila. O homem disse que já tinha ido em casa e jantado e a partir daquele momento, por volta das 22h00, ia ‘levar direto’. Sobre o chegar tão cedo, foi inequívoco.
“Já perdi em duas oportunidades e não posso perder essa terceira, porque pela notícia que se tem, não há muitas doses. Vim cedo porque é uma garantia, a vida é mais importante, a gente luta todo dia pra viver mais um pouco, fiquei esperando listagem e nada, então estou aqui”, declarou Manoel Raimundo Araújo de Almeida, de 67 anos de idade.
Jesus de Nazaré
Em outro ponto de vacinação bastante concorrido, a quadra Igreja Jesus de Nazaré, área central de Macapá, a situação ainda era um pouco pior. Como não se trata de um drive-thru, a maioria das pessoas não estava no local de carro e, portanto, juntaram-se na calçada ao relento, torcendo para a chuva não cair durante a madrugada. Neste local, as próprias pessoas que estavam na fila organizaram uma lista e um esquema de senhas para organizar melhor a vacinação.
“Fui eu mesmo que tomei a iniciativa de vir pra fila, até porque meus pais são mais idosos e também talvez o meu irmão venha pra gente se revezar, lá pras cinco horas. Cheguei aqui meia-noite e meia, e quando eu cheguei já tinha uma lista aqui com um nome e o pessoal foi em casa imprimir as senhas para distribuir”, contou José Elton Batista, de 32 anos. Sua mãe tem de 67 anos de idade.
Desrespeito
Um dos jovens que estava no processo de auto organização da fila, estava acompanhando sua mãe. Ele considerou um desrespeito com os idosos.
“Se chover vamos ter que correr para algum lugar, não dá pra pegar chuva. Todo dia a gente vê, acompanha a falta de organização, a desorganização e o desrespeito com as pessoas. Na verdade, estar aqui um hoje, um monte de idosos de madrugada, é um total desrespeito, mas enfim, a mamãe precisa da vacina então é um sacrifício que vale a pena”, declarou Alexandre Loureiro, de 32 anos. Sua mãe tem 66 anos de idade.
Confusão diária
Vizinhos da tenda do drive-thru onde a vacina é aplicada na Floriano Peixoto, reclamam que as confusões são diárias e que é a presença da Polícia Militar que evita com que ocorrências mais sérias acabem ocorrendo.
“Aqui tem confusão demais, tem hora que não sai porrada porque a polícia tá aí, tem hora que tem quatro viaturas da PM. São idosos, né? As pessoas estão abaladas”, declarou Alderi Dias, de 59 anos e que ainda não se vacinou também.
A prefeitura de Macapá informou que tem em seu estoque 1,3 mil doses CoronaVac para a ação desta terça-feira (11), com o atendimento previsto para iniciar às 9h.
“Pedimos para aqueles que não fazem parte do público-alvo da ação, ou que não conseguiram se vacinar hoje, que aguardem a chegada de nova remessa do imunizante”.