Esquerda e centro devem protagonizar disputa pelo governo do Amapá

O racha da direita e a falta de nomes fortes no PSL e PRTB deixam o caminho livre para Clécio, Randolfe e Jaime
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Por SELES NAFES

Falta pouco mais de um ano para a campanha eleitoral de 2022, mas já é possível visualizar que o cenário entre concorrentes terá uma novidade. Com a direita rachada e sem nomes de peso, os pré-candidatos mais relevantes são de partidos de centro e esquerda. 

Neste cenário, aparecem três nomes: o ex-prefeito Clécio Luís (sem partido), o senador Randolfe Rodrigues (Rede) e o vice-governador Jaime Nunes (Pros).

O ex-prefeito de Macapá, que deixou a prefeitura em janeiro com aproximadamente 70% de aprovação, é o único que assumiu estar em pré-campanha. Na semana passada, ele começou a jornada por Santana, onde ele disse que irá morar por um mês para conhecer a fundo os problemas do cotidiano da segunda cidade mais populosa do Estado.

Clécio ainda não tem um partido, mas tem conversado bastante com representantes de algumas legendas, e avisou que tomará uma decisão até julho. Apesar da formação em partidos de esquerda, no caso o PT, o Psol e a Rede Sustentabilidade, desta vez é provável que Clécio opte por um partido de centro, como o Podemos e o PSD.

O ex-prefeito tem liderado pesquisas de consumo interno, mas vem sendo seguido de perto por um ex-companheiro: Randolfe Rodrigues, o primeiro a manifestar intenção de concorrer ao governo do Estado quando os dois ainda estavam no mesmo partido. O senador, que é o vice-presidente da CPI da Covid no Senado, tem evitado falar da eleição do ano que vem.

Clécio com morador de Santana na semana passada: pré-campanha já começou

Randolfe: foco na CPI, vacinas e medidas sociais. Foto: CNN Brasil

Segundo assessores mais próximos, Randolfe está mais focado na comissão em Brasília, na articulação de vacinas e em medidas para mitigação da crise social no Amapá causada pela pandemia.

Randolfe deve manter a pré-candidatura ao governo, mas se quiser o apoio do PSB, com quem voltou a se aliar no ano passado, precisará exercitar muito sua capacidade de dialogar. O partido da família Capiberibe nunca abriu mão de encabeçar chapas, apesar de derrotas sucessivas nos últimos pleitos.

Como a família não investiu na renovação dos quadros do PSB, o partido chegará em 2022 sem nomes com potencial para disputar o governo do Estado. Por isso, a prioridade passou a ser a reeleição de Camilo Capiberibe como deputado federal.

Rompimento no governo

Quem também já tomou uma decisão foi o vice-governador Jaime Nunes. Aliados garantem que ele irá disputar o governo, mesmo não estando no comando do Estado como havia combinado com o governador Waldez Góes (PDT), em 2018. 

O acordo, que tirou a vaga de Papaléo Paes, era que Waldez renunciaria em abril para concorrer ao Senado, e deixaria o governo com Jaime. É quase certo que isso não irá ocorrer, até porque Waldez tem problemas jurídicos e pode ser impedido de concorrer. Ele também poderia renunciar para manter o acordo, mas decidiu cumprir o mandato até o fim. Aliados já entraram em campo para tentar convencê-lo, mas é improvável que ele mude de ideia.

Jaime Nunes: oposição 

No ano passado, a distância entre Waldez e Jaime ficou ainda maior quando o governador se aliou ao senador Davi Alcolumbre (DEM) para apoiar a candidatura de Josiel à prefeitura da capital. Para contrapor, Jaime investiu na candidatura de Dr Furlan (Cidadania), que venceu a eleição.

Com o rompimento, o vice-governador virou oposição do próprio governo que faz parte. Isso é visível nos telejornais de sua emissora, a TV Equinócio, canal 10 (afiliada à Record), que passaram a priorizar pautas negativas do governo do Estado.

Direita rachada

Até agora, a única chance de a direita ter um representante de peso reside em partidos como o PSL, de Guaracy Jr, e o PRTB, de Cirilo Fernandes. Se houvesse composição, uma chapa com os dois partidos seria forte, mas os dois líderes têm seus próprios projetos pessoais de poder e um acordo é praticamente impossível.

Sozinhos e desgastados pelos fiascos das últimas eleições, Guaracy e Cirilo não oferecem risco a Clécio, Randolfe e Jaime, que devem protagonizar a eleição de 2022.

Seles Nafes
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