Por SELES NAFES
O pastor e ex-candidato a prefeito de Macapá, Guaracy Júnior (PSL), foi indicado nesta segunda-feira (3), pela Polícia Civil do Amapá, no inquérito que investigou ato de racismo supostamente praticado por ele durante a campanha eleitoral do ano passado. O crime teria sido cometido contra a comunidade LGBT.
No auge da campanha, ao declarar inicialmente uma neutralidade no segundo turno, o pastor e presidente das igrejas do evangelho Quadrangular disse que não apoiaria Josiel Alcolumbre (DEM) e nem Dr Furlan (Cidadania), pois ambos teriam simpatia por pautas do movimento LGBT.
“Não quero estar ligado a pessoas que defendem ideologias progressistas como a do LGBT que apoia pedofilia, aborto e tudo o que não presta”, disparou ele no leito de um hospital onde se recuperava de covid-19. A declaração foi feita no dia 10 de dezembro.
Dias depois, no entanto, Guaracy acabou manifestando apoio ao então candidato Dr Furlan, que ganhou a eleição.
À época, lideranças do movimento LGBT publicaram uma nota de repúdio afirmando que a declaração “enseja o preconceito e o estigma sobre este povo LGBTQIA+, o que resulta em agressões como essa”. A Polícia Civil abriu inquérito, e o caso foi investigado pelo delegado Neuton Júnior, da 5ª DP da capital.
Neuton Júnior indiciou Guaracy por ‘LGBTfobia’, crime de racismo qualificado pelo ato de “praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito”.
Para o delegado, o ex-candidato extrapolou o direito de opinião assegurado na Constituição Federal “uma vez que, com a intenção de agradar supostos eleitores defensores da pauta conservadora, passou a promover discurso preconceituoso e discriminatório, inclusive ligando a população LGBT+, sem provas e elementos para isso, com o envolvimento com a pedofilia, que, como se sabe, é crime”.
Procurado pelo Portal SelesNafes.Com no início da tarde, o pastor Guaracy Júnior disse que se manifestaria sobre o indiciamento ainda hoje, mas não deu mais retorno.
De acordo com o delegado Neuton Júnior, o ex-candidato chegou a ser intimado para prestar depoimento, mas não compareceu na delegacia de polícia. O inquérito foi remetido para o Ministério Público, que poderá denunciar, ou não, o líder religioso.