Por SELES NAFES
Policiais civis do Amapá fizeram, nesta quinta-feira (20), a reconstituição do assalto que terminou com a morte de um idoso de 63 anos na zona rural do município de Vitória do Jari, no Sul do Estado. A reprodução dos fatos, segundo os investigadores, demonstrou a intenção dos acusados de roubar e matar a vítima que levou um tiro e ainda foi queimada viva.
O homicídio ocorreu em outubro de 2020, no Ramal do Igarapé das Pacas, um local de difícil acesso há cerca de 30 km da sede do município. Inicialmente, a morte do idoso foi tratada como acidente, já que se pensava que o incêndio teria sido causado por uma panela esquecida no fogo e que a vítima, identificada pela polícia apenas como Severino, tinha morrido de causas naturais.
No entanto, no último dia 14, o delegado Erivelton Clemente, da DP de Vitória do Jari, anunciou que a linha de investigação passou a ser de homicídio, e que dois acusados haviam sido identificados.
Um deles já estava preso no Instituto de Administração Penitenciária (Iapen) por estupro de vulnerável e possuía um mandado de prisão por roubo qualificado. Ele confessou o homicídio e revelou que teve a ajuda de um comparsa, que também não teve o nome relevado e foi preso.
“Começamos a monitorar o perfil dos moradores da região, e descobrimos o perfil de um homem que já tinha passagem pela polícia e era violento. No entanto, algumas semanas depois do crime ele desapareceu. Só o localizamos em fevereiro durante o cumprimento de um mandado de prisão que ele responde. Tomamos o depoimento dele com base em várias provas no início de maio”, explicou o delegado.
Os dois acusados passaram por uma acareação na quarta-feira (19). A reconstituição desta quinta, feita com apoio da PM e Politec, era necessária para que os investigadores pudessem entender a direção do disparo que atingiu a vítima, a posição em que se encontravam os envolvidos na cena do crime, além de outras informações sobre a dinâmica do homicídio.
Para a polícia, não há dúvida de que os dois agiram com a intenção de matar e depois incendiar a casa. A reconstituição mostrou que a vítima e os dois acusados começaram a beber numa propriedade a cerca de 1,5 km do local do crime. Já na casa do idoso, houve o disparo e o incêndio começou pelo colchão da vítima que ainda estava viva após o tiro, segundo revelou a autópsia.
“Apenas uma parte do tronco estava intacta, e com isso foi possível ver uma perfuração (de bala). Isso foi bem importante para as investigações e só foi identificado em Macapá com a abertura do corpo”, lembrou o perito Gedelvan Costa do Nascimento, que operou um drone na reconstituição.
Além dos policiais, peritos e acusados, a reconstituição teve a presença de parentes da vítima.
“Corria o risco de ficar impune devido a falta de evidências, de provas e testemunhas. Ninguém queria testemunhar e se envolver, por isso o trabalho da polícia foi muito importante. Nunca acreditei nessa hipótese. Na minha cabeça nunca foi um acidente”, comentou uma filha do idoso.
A polícia afirma que ficou demonstrada a intenção dos suspeitos em matar a vítima e levar a espingarda. Os suspeitos serão indiciados por homicídio qualificado e por furto qualificado.