Uma equipe do Conselho Regional de Medicina (CRM) ficou aterrorizada com as cenas que encontrou no setor responsável pelo instituto médico legal da Politec. Além de problemas na rede elétrica, falta de ventilação, de equipamentos de proteção individual e conservação de corpos, dois cadáveres foram encontrados no chão em estado de decomposição.
“Meus colegas disseram que o cheiro era insuportável”, relatou uma fonte do CRM, neste sábado (24). A vistoria foi realizada na sexta-feira (23).
O conselho afirma que a sala de necropsia não possui sistema de exaustão para renovar o ar em cima das mesas onde os cadáveres são analisados.
“Devido ao problema, duas mesas para realização de necropsias foram colocadas na área externa, com mais ventilação”, menciona o conselho.
“Mas, de acordo com o levantamento da equipe de fiscalização, quando existem mais de dois cadáveres os médicos legistas são obrigados a usar a sala sem o sistema de exaustão na parte interna do prédio”, acrescenta.
No momento da vistoria, as câmaras frigoríficas estavam desligadas, e o odor era muito forte no local, especialmente porque dois corpos em decomposição estavam no chão.
O CRM diz ainda que faltam máscaras de proteção com purificador de ar não motorizado e filtros substituíveis, recipiente adequado para resíduos infectantes, aventais impermeáveis, óculos de proteção, luvas de procedimento, aparelho de raio-x (ou outro meio que possibilite a visualização da imagem), balança para fetos e embriões, instrumental para dissecção e sutura, papel toalha e sabonete líquido.
Vítimas de abusos
Além das condições sanitárias, o CRM afirma que a recepção do consultório de medicina legal e perícias não oferece privacidade para vítimas de abusos sexuais, sobretudo crianças. As janelas não possuem películas.
O CRM ficou de enviar relatório para o Conselho Federal de Medicina (CFM) e Ministérios Públicos Estadual e Federal.
Procurado pela reportagem de SelesNafes.Com, o diretor da Politec, Salatiel Guimarães, não respondeu aos questionamentos. Com autonomia financeira e administrativa, a Politec não é subordinada à Polícia Civil do Amapá.