Por RODRIGO ÍNDIO
Um homem acusado de se passar por médico foi preso nesta quinta-feira (8), na sede do Conselho Regional de Medicina do Amapá (CRM-AP), no Bairro do Trem, zona sul de Macapá.
Paraense nascido em Marabá (PA), Gideao Vanderlei da Rocha, de 37 anos, teria usado um diploma falso de uma faculdade estrangeira para tentar obter sua inscrição e a carteira profissional no Amapá.
Segundo o presidente do CRM-AP, Eduardo Monteiro de Jesus, semanas atrás, além do diploma da Universidad Nacional Ecológica, localizada na Bolívia, Gideao apresentou uma declaração de registro único de médico intercambista do Projeto Mais Médicos Para o Brasil, do Ministério da Saúde, do qual se dizia participante na função de médico desde novembro de 2017, no município de Ourilândia do Norte, no Pará.
O caso logo chamou a atenção do CRM porque Gideao pediu à Justiça do Amapá sua inscrição provisória para atuar no estado sem a necessidade fazer o Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos (Revalida) – teste que é destinado a todos os médicos formados fora do país.
E ele conseguiu. Uma liminar, datada de 22 de junho, determinou que o CRM local liberasse a inscrição provisória dele no prazo de dez dias e que a carteira profissional valesse enquanto perdurar a pandemia de covid-19. O CRM obedeceu a ordem judicial.
Contudo, a instituição desconfiou e entrou em contato com a universidade boliviana e descobriu que o diploma apresentado por Gideao é falso. A faculdade informou ao CRM-AP que o falso médico iniciou a graduação em Medicina, mas não concluiu o curso.
O Conselho denunciou o caso à Polícia Civil, que abriu inquérito para apurar exercício ilegal da medicina, utilização de documento falso e outros crimes. À Justiça, a polícia pediu a prisão preventiva do falso médico, que foi cumprida nesta quinta-feira. Gideao foi preso quando receberia a carteira de médico que a Justiça havia determinada a expedição.
Segundo Eduardo Monteiro, a Justiça do Amapá já foi comunicada, para que seja revogada liminar concedida e assim tornado sem efeito o registro concedido por ordem judicial.
“O CRM-AP embora já tenha requerido a concessão de prazo de no mínimo 45 dias para aferir a veracidade do diploma e outros documentos não tem obtido êxito. Os pleitos vêm sendo indeferidos. Com determinação judicial estipulando o prazo de 10 dias, tem se o risco de inscrever quem não graduou em medicina e faz uso de documento falso. Mas nós continuaremos defendendo o Revalida e lutando para coibir a atuação de falsos médicos”, declarou o presidente do CRM.
De acordo com o delegado Estefano Santos, da Divisão de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), que apura o caso, Gedeão será autuado por falsidade ideológica, uso de documento falso e exercício ilegal da medicina.
“Também vamos cumprir busca e apreensão na casa que ele está aqui em Macapá para tentar encontrar mais elementos que reforcem a prática delituosa desde cidadão”, informou o delegado.
Antecedentes
O delegado Estefano revelou que Gideao já teria sido preso em Rondon do Pará, utilizando documentos de um médico, no ano de 2014. Em outra ocasião, ele teria exercido ilegalmente a medicina no município de Abel Figueiredo, também no Pará.
Uma criança teria morrido durante um parto mal sucedido, no qual o falso médico estaria à frente. A polícia ainda verifica se ele fez vítimas no Amapá.