Artistas ‘passam o sal’, pedem transparência e saída de DJ que comanda a cultura

Classe acusa prefeitura de falta de transparência na liberação de recursos da Fumcult
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Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA

Dezenas de artistas macapaenses realizaram, na manhã desta quinta-feira (23), uma manifestação onde ‘salgaram’ a frente da Prefeitura de Macapá, exigindo transparência nos editais de fomento da categoria, além da saída do presidente da Fundação de Cultura (Fumcult), o DJ Alain Cristophe.

A utilização do sal foi uma alusão às provocações e bordões da campanha eleitoral passada para, metaforicamente, dizer que a Fumcult estaria “passando o sal” nos artistas macapaenses.

Desde o início da atual gestão da Fumcult, vários segmentos artísticos vêm demonstrando descontentamento com os rumos da política cultural em Macapá e a gota d’água ocorreu nesta terça-feira (21), quando foi divulgada a lista preliminar dos 122 artistas selecionados pelo edital 001/2021.

O edital é uma iniciativa de 2020, reeditado para este ano, com o propósito de auxiliar artistas de diversos segmentos (música, literatura, teatro, etc.) durante o período da pandemia de covid-19. Na versão atual, após diversas correções, o certame levaria em consideração a trajetória, a carreira e obra de cada artista.

A lista desagradou. Artistas de trajetória e obras que são absolutos consenso ficaram de fora e pessoas pouco (ou não conhecidas do segmento) foram contempladas. Isto levou a estranhamentos. Depois, verificou-se que, por exemplo, quatro produtoras artísticas juntas, que inscreveram mais de 500 artistas que são seus produzidos, tiveram apenas cinco nomes entre os selecionados, o que aumentou os questionamentos.

Sal foi jogado na Avenida FAB em frente ao prédio da PMM. Fotos: Marco Antônio P. Costa

Edital deste ano é questionado

Artistas dizem que trajetórias foram desrespeitadas

Patrícia Andrade: quais critérios de julgamento?

A poetisa Patrícia Andrade falou ao Portal SelesNafes.com que, em nenhum momento, trata-se de um movimento contra quem foi habilitado ou de colega contra colega, mas, sim, contra a falta de transparência e critérios, e porque os artistas sequer sabem quem foram as pessoas que realizaram a seleção, os chamados ‘pareceristas’.

“Qual foi o critério a gente desconhece, qual foi a nota que me inabilitou? Por que eu fui inabilitada? Por que a minha nota foi inferior a do trabalho do colega? Mas qual foi essa nota? O colega tirou 9 e eu 5, tirei 3, tirei 2? Que critério é esse que o parecerista – que eu nem sei quem é – usou para avaliar o meu trabalho?”, questionou Patrícia Andrade.

Para a poetisa, as negociações na Fumcult pararam de avançar e por isso o movimento resolveu tomar a avenida FAB, tradicional palco das manifestações políticas de Macapá.

Artistas pediram saída do coordenador de cultura

Grupo foi recebido pelo prefeito

Alain Cristophe

Quanto ao “Fora Alain Cristophe”, sua gestão é questionada.

“É uma incompetência, é uma inabilidade, uma inaptidão para a gestão. Aquela gestão ali, pra mim, é falida, não tem para onde avançar. Esse é o edital mais obscuro, parece que foi escrito ali ontem a noite, nas coxas e é um absurdo”, finalizou a artista.

Ainda antes do meio-dia, o prefeito de Macapá Antônio Furlan (Cidadania), recebeu uma comissão composta por quatro artistas em seu gabinete.

A Prefeitura Municipal de Macapá emitiu uma nota sobre a reivindicação dos artistas. Leia a íntegra da nota abaixo:

“A Prefeitura de Macapá reuniu com os artistas na manhã desta quinta-feira (23), que pediram a reavaliação do resultado do edital de cultura 001/2021, voltado ao fomento do segmento em período de pandemia. A Prefeitura informa que a Procuradoria Geral do Município está realizando a análise, e o resultado será divulgado até às 18h desta sexta-feira (24)”.

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