Por SELES NAFES
Assistir televisão, armazenar alimentos e água gelada foram apenas algumas das mudanças que a energia solar está fazendo na vida de ribeirinhos das comunidades do interior de Mazagão, no Amapá. Mazagão é o único lugar do Estado onde a maior parte da população não vive na sede do município.
Historicamente, os moradores sempre dependeram da lamparina, velas ou motores a diesel que funcionavam apenas seis horas por dia. Desde o início do ano, equipamentos solares estão sendo colocados nas casas de mais de 200 comunidades pela prefeitura de Mazagão. As primeiras casas escolhidas ficam nos vilarejos mais isolados. Alguns possuem 10 casas, mas outros 130 imóveis residenciais, como na comunidade Betel, onde moram cerca de 600 pessoas e todos agora têm energia solar.
Na comunidade Maranata, uma das primeiras de Mazagão para quem parte do município de Santana, mora dona Maria Judite, de 66 anos. Na Maranata, a maioria das casas já recebeu as placas solares e conjuntos de baterias que armazenam a energia. A energia passou a ser 24h.
“Duas coisas boas aconteceram na minha vida, graças a Deus: minha família e a energia solar. Agora a gente tem até gelo”, diz ela mostrando com orgulho as garrafas de refrigerante cheias de água congelada no freezer.
A chegada da energia solar mudou hábitos e estimula o comércio. Em São João do Cajari, tem morador que transformou a casa numa verdadeira loja de eletrodomésticos. Josiel está vendendo máquinas de lavar, caixas de música e até smart TVs.
“Estamos parcelando em 4 vezes”, diz ele.
O pátio da casa virou vitrine e os quartos são depósitos de mercadorias. O comerciante usa um barco também para vender os produtos em outras comunidades que possuem energia solar e internet, outro recurso que também depende de energia.
A meta da prefeitura de Mazagão é instalar os conjuntos de painéis e baterias em pelo menos 1,2 mil imóveis. Até agora, mais de 800 casas já receberam, segundo informou o prefeito Dudão Costa. Cada conjunto custou R$ 20 mil.