Por RODRIGO ÍNDIO
A representante do Amapá na 29ª edição do concurso Miss Brasil Globo, Glenda Larissa Ramos, afirma ter sido vítima de injúria racial por parte da coordenação do evento, que ocorreu no último final de semana na cidade de Brasília, no Distrito Federal. A estudante e modelo registrou Boletim de Ocorrência e a Polícia Civil abriu inquérito para apurar o caso.
Glenda Ramos, de 19 anos, é macapaense, filha de tradicional família quilombola e marabaixeira do Amapá. Em sua preparação que antecedeu a viagem, fez um making of com indumentárias e musicalidade características da cultura do estado.
Com o objetivo de manter sua identidade através de um símbolo de luta e resistência, optou por usar um turbante afro no ensaio fotográfico horas antes do desfile principal, no último sábado (18). O ato teria incomodado a mulher que coordenava a sessão de fotos.
Em meio à discussão, Glenda foi obrigada a retirar o turbante afro na frente de todas as candidatas. A justificativa foi de que ela teria que seguir o “padrão” e retirar o “acessório”. A cena revoltou até as concorrentes de outros estados. Mesmo constrangida, a modelo amapaense atendeu ao pedido.
“Me senti ofendida, moralmente agredida, além de ridicularizada, já que a discussão ocorreu na frente de várias pessoas. Afetou meu psicológico, devido a isso me senti fragilizada. Denunciei o caso à polícia porque em pleno século XXI situações como esta, de injúria racial e intolerância étnico-racial, devem ser punidas e cerceadas”, detalhou Glenda.
No total, 17 candidatas participaram do concurso. A amapaense ficou na 2ª colocação geral. O título ficou com o estado do Pará. Glenda Larissa Ramos fez questão de destacar que não questiona o resultado, mas que repudia a atitude que sofreu para que novas mulheres não venham a passar por tal constrangimento.
“Busco, no mínimo, uma retratação pública acerca do ocorrido, com o intuito de mostrar às pessoas que não se pode tolerar este tipo de atitude em relação aos costumes e crenças de um povo que há séculos luta para pôr fim a situações supracitadas”, concluiu.
O caso segue sendo investigado pela Polícia Civil do Amapá.