Por JOSÉ MARIA SILVA
“A procura pelo pescado está normal em Macapá. Consumidores continuam comprando as mais variadas espécies, pois a nossa preocupação está voltada à segurança alimentar”, enfatizou o presidente da Federação dos Pescadores e Aquicultores do Amapá (Fepap), Leidinaldo Gama. A principal preocupação da categoria, o medo generalizado da ‘doença da urina preta’, começou a ser dissipada.
A doença de Haff é causada por uma toxina que pode ser encontrada em alguns peixes como o tambaqui, pirapitinga, badejo e a arabaiana, ou ainda em crustáceos como lagosta e camarão. A notícia chegou a Macapá no início de setembro, a partir de ocorrências nos estados da Bahia, Amazonas, Ceará e Pará.
No Amapá, a Superintendência de Vigilância em Saúde (SVS) e a Prefeitura de Macapá divulgaram uma nota de alerta destinada somente a profissionais da saúde, mas que foi suficiente para apavorar consumidores. Houve queda de vendas na capital e em Santana, segundo maior município do Amapá.
O medo também atingiu a venda de camarão e caranguejo, derrubando os preços e afetando a cadeia de produção localizada nos municípios de Amapá, Calçoene e Oiapoque que deságuam os produtos em Macapá. Uma das espécies que teve a venda atingida foi a pirapitinga, que é importada dos estados do Maranhão, Mato Grosso e Rondônia, já que a produção local não supre a demanda. A criação desse peixe tem alto custo no Amapá, que ainda não é um produtor de ração.
O presidente lembrou que até agora não há qualquer caso de pessoa com suspeita da urina preta. De acordo com ele, dados do Ministério da Agricultura mostram que o Amapá é quem consome mais peixes em relação a outros estados.
A Fepap está concluído um estudo sobre o consumo local, mas já adianta que os mais procurados são a traíra, apaiari e jejú, conhecidos como peixes menores. Em seguida, aparecem a uritinga, bagre, corijuba, além de pirapitinga e tambaqui, que são peixes redondas pertencentes ao grupo de importação, que possuem maior volume de venda.
Frota pequena
Segundo Gama, uma das características que impedem o crescimento do setor pesqueiro no Amapá é a falta de processamento de peixes em larga escala com foco no mercado local. Além disso, a frota de barcos pesqueiros é pequena em relação a do estado do Pará, que chega ser até mil vezes superior.
O produto pescado em águas amapaenses é transportado de carreta frigorífica para Belém para ser beneficiado a custo bastante baixo, e depois segue para outros estados.