Por RODRIGO ÍNDIO
Internos do sistema prisional amapaense estão cumprindo pena fazendo serviços de limpeza e manutenção de locais públicos da cidade de Macapá. Para eles, três dias trabalhados vão incidir em um dia reduzido na condenação.
São cerca de 40 presos, que cumprem pena em regime aberto e semiaberto, além de egressos do sistema prisional. Eles saem todos os dias às 06h da manhã dentro de um ônibus que parte de frente do Instituto de Administração Penitenciária (Iapen) com destino a um ponto crítico da capital.
Um deles é Leomar Silva, de 28 anos. Em 2012, ele teve participação em um homicídio, foi preso e logo saiu. O interno conta que não teve oportunidade de trabalho e em pouco tempo se envolveu em uma ocorrência de roubo e tentativa de homicídio. Desde 2013 está preso.
Agora casado, e pai de dois filhos, Leomar diz que está pagando pelo erro que cometeu quando tomou uma decisão errada. Agora, ele quer deixar o passado sombrio para trás através da oportunidade de emprego e se tornar um exemplo de superação para a família.
“Estou no semiaberto. Saio às 6h da manhã e volto 21h da noite. É uma grande chance pra gente colocar a mente no lugar certo e olhar pra frente, sem errar. Com essa chance, não vejo motivo e nem penso em voltar pro crime, quero ser orgulho e ter o que dar pros meus filhos. Depois quero estudar também”, disse otimista.
O projeto teve início em 2004, ainda na gestão do prefeito João Henrique, mas não teve muitas atividades. Foi resgatado quando Clécio Luís assumiu a prefeitura de Macapá, tendo sucesso, inclusive sem registro de fugas.
Na atual gestão de Antônio Furlan, foi assinado na semana passada, um termo de cooperação entre o Conselho da Comunidade na Execução Penal da Comarca de Macapá (CCEP) e a PMM, como intuito de dá prosseguimento a oportunidade de trabalho e reinserção a reeducandos.
Segundo o secretário Jean Patrick Farias, da Zeladoria Urbana, os reeducandos fazem de tudo. São eletricistas, roçadores, pintores, pedreiros e jardineiros que fazem o trabalho onde existe demanda nas áreas de convivência.
“São 40 novos reeducandos sendo contemplados nesse projeto. A gente não pode confundir esse projeto com o ‘Liberdade e Cidadania’, que é um primeiro passo para eles aprenderem como trabalhar, onde trabalham meio expediente. Já nesse protejo novo, é um novo passo, é como se eles estivessem passando de nível. Trabalham de manhã e de tarde. Recebem um salário maior, uniforme, EPIs, do próprio conselho da comunidade (…) Eles recebem as ferramentas de trabalho e vão trazer melhorias para a limpeza urbana. É mais uma oportunidade de vida para essas pessoas”, disse Jean.
A vigência do termo é de 12 meses, podendo ser prorrogada. Cada reeducando recebe 80% de um salário mínimo para fazer o serviço.