Por RODRIGO ÍNIDIO
Juventude, ostentação com base em crimes e um poder mortal. Assim a polícia descreve Alberto Magno da Silva Lobato, o Imperador, de 29 anos, preso durante uma operação conjunta das forças de segurança do Amapá e do Rio Janeiro, nas primeiras horas da manhã desta quinta-feira (14), na Vila do João, no Complexo de Favelas da Maré, na zona norte da capital fluminense.
Foi necessário um ano de investigação por parte da polícia judiciaria amapaense que contou hoje com o apoio de 70 agentes para capturar o bandido em uma área extremamente perigosa do Rio. Durante coletiva de imprensa, a Divisão de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) afirmou se tratar do maior traficante e assassino do Amapá, na atualidade.
De acordo com o delegado Estéfano Santos, titular da Draco, Imperador comanda a maior facção local, a Família Terror do Amapá (FTA). onde compõe o ‘conselho final’ e ocupa a função de ‘geral do livro negro’, o mais alto posto na hierarquia da facção, com prerrogativa de determinar assassinatos.
“Esses homicídios que vêm ocorrendo aqui na cidade, toda essa guerra de facção, têm ordens diretas do Imperador. Ele quem determina quem vai morrer, até mesmo membros da própria facção (morrem) quando eles desobedecem o estatuto. O Imperador estava mandando matar todo dia”, garantiu Santos.
O delegado explicou que ainda não é possível precisar quantas execuções estão relacionadas a Imperador, porém, só neste ano foram abertos mais de 100 inquéritos de homicídios ligados à facção, sob comando do bandido.
“Pelo menos 80% dessas mortes em guerra de facções, neste ano, foram ordenadas pelo Imperador. Ainda tem as mortes de anos anteriores”, comentou o delegado-geral de Polícia, Uberlândio Gomes.
“Num trabalho de um ano, a gente já conseguiu catalogar todas as lideranças dessa organização criminosa. É uma facção bastante violenta que costuma intimidar através da morte. Era única liderança que faltava ser presa. São dez lideres ao todo que compunham o conselho final, alguns deles foram presos recentemente na cidade de Rondonópolis (MT) através de mandados solicitados por nós”, acrescentou o delegado Estéfano.
Status
A polícia acredita que o apelido Imperador é uma alusão a seu status de liderança. Segundo relatos, Alberto Lobato costuma afirmar que possui a maior quantidade de afilhados na facção. Inclusive, a polícia confirma a autenticidade de um áudio de Imperador gravado após a morte de uma mulher que seria afilhada dele, no início de outubro, na Fazendinha.
“O exército dele é muito grande. São seis mil, desses, 4 mil só no Amapá, mas existem células no Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Rondônia e conseguimos identificar na Bolívia, Paraguai e Caiena (…) os membros idolatravam ele, chegavam a fazer postagens como se fosse um artista de cinema”, comentou o delegado.
Dos quatro mandados de prisão contra ele cumpridos hoje, dois eram por homicídio, um por tráfico e outro por organização criminosa. Imperador morava com a mulher e o filho no Rio. Ele estava foragido do Iapen – onde respondia por homicídio– desde 2019, quando teve direito a saída temporária e não voltou. Morou em pelo menos 4 locais diferentes antes de ser capturado.
Aliança
Para os investigadores, não há dúvidas de que existe aliança entre a facção Primeiro Comando da Capital (PCC) e a Família Terror do Amapá (FTA), por isso Imperador estava no Rio de Janeiro sob proteção da maior organização criminosa do Brasil.
O PCC chegou ao Amapá em 2014 e deu origem à Família Terror, a partir de 2015, segundo levantamento da Draco. No Amapá, a divisão investiga pelo menos seis organizações criminosas.
“Todas as facções são objeto de investigação, e no momento oportuno essas outras lideranças, assim como já foram outras, também serão presas”, assegurou o delegado-geral de Polícia, Uberlândio Gomes.
A polícia trabalha agora na transferência do criminoso para o estado do Amapá, e logo, em seguida, espera mandá-lo para um presídio federal de segurança máxima.