Por SELES NAFES
Uma moradora do município de Santana, cidade a 17 km de Macapá, será indenizada pelo Estado por ter sido usada para receber salários da Assembleia Legislativa do Amapá (Alap), sem que soubesse. A fraude ocorreu em 2009, mas só foi descoberta pela vítima no ano passado.
Consta no processo que, ao consultar o Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS), a auxiliar administrativa descobriu contribuições em seu nome recolhidas na Alap. Em julho de 2020, ela solicitou ao setor de recursos humanos da Assembleia sua ficha financeira, e constatou que foi nomeada em 1º de outubro de 2009 para ocupar o cargo em comissão de agente parlamentar.
Até 1º de setembro de 2010, quase um ano depois, quando ocorreu a exoneração, alguém usando o nome e documentos dela recebeu pagamentos entre R$ 500 e R$ 1.000. Nas portarias de nomeação e exoneração constam assinaturas do então presidente Jorge Amanajás, hoje ex-deputado.
A auxiliar administrativa ajuizou ação na justiça, e o caso foi parar na 4ª Vara Cível de Macapá. No último dia 29 de setembro, a juíza Alaíde de Paula, que tinha decidido que o Estado responderia juridicamente no processo, deu ganho de causa à vítima reconhecendo que ela teve danos morais.
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Pagamentos recebidos durante um ano
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Portaria de exoneração
“O nome da mesma foi utilizado para que alguém recebesse os salários de um cargo em comissão. Ademais, os registros de ponto juntados pela Alap demonstram que o nome da mesma consta sem registro de efetivo trabalho. Ou seja, há documento público em que consta que a autora, apesar de estar nomeada em cargo em comissão, deixou de trabalhar em que pese o recebimento de salários”, comentou a juíza na sentença.
A magistrada determinou que o Estado indenize a vítima no mesmo valor dos salários pagos pela Assembleia, com correção da inflação, e que também arque com os honorários advocatícios.
Procurado por SelesNafes.Com, o ex-presidente da Alap, Jorge Amanajás, disse que não é parte no processo e não tem conhecimento sobre o assunto.