Por RODRIGO ÍNDIO
Pelas vias, becos e vielas do Bairro Congós, na zona sul de Macapá, uma família chama atenção. Mãe e filhos são portadores de displasia esquelética, mais conhecida como nanismo.
Preconceituosamente, são chamados de anões. Em meio aos olhares curiosos, carinhosos ou até mesmo maldosos, o que poucos sabem é que há uma história grandiosa e vitoriosa por trás deles.
Regiovana Cardoso dos Reis, de 36 anos, é dona de casa. Mora na área de pontes da Avenida Violeta Montalverne. É mãe do Flávio Yuri, de 14 anos, e do Pedro Iago, de 13. Ela cria os meninos sozinha.
Os garotos são paratletas e colecionam mais de 20 medalhas em competições locais e nacionais. O talento os levou a inspirar a mãe a também fazer parte do esporte e a competir também.
“Sempre priorizei meus filhos. Sempre digo que a gente vive num mundo que não é nosso. Nas competições, vi várias pessoas que nem nós, e abriu a minha mente para a participar e apoiar ainda mais. Hoje é nossa vida”, conta Regiovana.
Na família, ela também tem o pai, o irmão e a irmã com nanismo. Segundo ela, o preconceito é inevitável, inclusive com seus filhos que têm altura inferior a 1,40 metro.
“O esporte mudou a vida deles. Quando dizem que chamam eles de apelidos, aconselho eles. Quando chamam de preto, anão, digo para sempre mostrarem seu melhor, estando sempre à frente do melhor, mostrando do que eles são capazes com essa característica maravilhosa que Deus lhes deu”, desabafa.
A mãe detalha que a ignorância e falta de empatia, parte de uma minoria.
“Onde meus filhos vão, fazem muitos amigos. Isso ajuda a seguir firme e forte. ‘Somos pequenos no tamanho e grandes no talento’, como dizem. Nos pequenos frascos estão as melhores essências. Sigo com orgulho e amor por eles”, frisou.
Os meninos são cheios de energia. Vivem brincando, treinam de tarde e de noite, todos os dias. Praticam jiu-jitsu, karatê, corrida, natação e participam de todos os esportes possíveis. Estudam na escola Benigna Moreira, no bairro onde moram.
“Gosto de esporte. Pra mim, sou uma criança normal e gosto do que faço pra trazer medalha pro estado. Não ligo pra preconceito mais, não”, falou durante uma partida de futebol, Pedro Yago.
Flávio Yuri, pondera que quer ainda mais.
“Quero dar mais orgulho para minha mãe através do esporte e dos estudos. E logo poder ajudá-la. Tenho fé que vai acontecer”, esperançou-se.
A família participou, no último sábado (4), do 3° Festival Paralímpico em alusão ao Dia Nacional do Atleta Paralímpico, evento organizado pelo Comitê Paralímpico Brasileiro e, no Estado do Amapá, por órgãos e instituições parceiras.
Mesmo não tendo dias fáceis financeiramente, a mãe encerrou pedindo que os pais apoiem seus filhos independente de sua característica ou limitação física.
“Deus vai lhe ajudar sempre”, aconselhou Regiovana.