2 anos depois, 1º indígena a contrair covid-19 em Oiapoque ainda tem sequelas

Odair Jeanjaque, da etnia galibi-kalinã ainda sente dificuldades para respirar. Fotos: Seles Nafes
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Por SELES NAFES

O dia 27 de março ficou marcado para sempre na memória do enfermeiro Odair Jeanjaque, da etnia Galibi-Kalinã. Oficialmente, ele é considerado o primeiro indígena do município de Oiapoque, na fronteira com a Guiana Francesa, onde moram cerca de 10 mil índios, a contrair a covid-19.

O enfermeiro é da etnia galibi-kalinã, formado na primeira turma da Unifap, e trabalha na rede pública de Oiapoque. Ele a semana na cidade trabalhando, e nos dias de folga volta a aldeia Galibi para ficar com a família.

Odair acredita que contraiu o vírus numa viagem a Macapá no dia 27 de março, quando surgiam os primeiros casos da doença no Amapá.

O diagnóstico só foi confirmado no dia 10 de abril, e os sintomas foram fortes.

“Em Oiapoque eu morava num prédio de três andares com a minha esposa, e como não tem elevador lá eu tinha que subir. Foi quando passei a sentir muita dificuldade para respirar”, recorda.

Segundo ele, os sintomas foram além do que normalmente as autoridades estavam divulgando na época, como tosse e a perda de olfato.

“Tive também sangramento gengival, além da perda de paladar”.

Aldeia Galibi-Kalinã moram cerca de 80 pessoas

Aldeia Galibi-Kalinã moram cerca de 80 pessoas. Fotos: Seles Nafes

Foram 10 dias de febre forte, mas ele não quis aderir ao protocolo de medicamentos que estavam sendo recomendados pelos médicos no início da pandemia, como a ivermectina e azitromicina.

“Era uma dose muito alta. Preferi usar apenas a dipirona”, explica.

Hoje, apesar de procurar se cuidar, Odair diz que não foi mais o mesmo. A principal sequela deixa foi a dificuldade para respirar quando é necessário fazer algum esforço.

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