Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA
Desde os dias finais do mês de novembro, quando começaram a aparecer peixes mortos e outros animais nos igarapés que cortam seus terrenos, a vida de dezenas de famílias ribeirinhas de Pedra Branca do Amapari, na região central do Amapá, mudou – para pior.
O trairão, um “peixe do mato”, assim como Jijús, acarás e outras tantas espécies que eram facilmente pescadas há poucos metros de suas casas, agora não mais existem.
No último 21 de dezembro, a Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) aplicou três autos de infração à mineradora Mina Tucano pela contaminação dos igarapés e do Rio Amapari por cianeto que vazou da sua barragem de rejeitos, segundo o órgão. Juntas, as multas totalizam R$ 50 milhões.
Agora, os moradores, que desde início apontaram esta como sendo a causa de mortandade, esperam ter atenção e diálogo com a empresa, o que afirmam não ter ocorrido até o momento.
“Eu queria que a empresa viesse sentar com a gente pra debater algum assunto pendente. Até hoje não sabemos [oficialmente] de resultado nenhum, só sabemos por notícias que ela foi multada em 50 milhões [de reais]. A empresa nunca veio conversar com a gente. A nossa comunidade parece que não existe, parece os peixes que morreram, e nós não somos isso. Queremos uma vida melhor dentro da nossa comunidade”, afirmou Arnaldo Viana de Almeida, morador do Xivete, comunidade da zona rural de Pedra Branca do Amapari.
Autoridades
Arnaldo e outros moradores juntaram-se, no início de dezembro, a representantes do Movimento de Atingidos por Barragens (Mab) e protocolaram um ofício no Ministério Público Federal (MPF), em Macapá, solicitando a abertura de investigações e o acompanhamento do órgão acerca de todo o problema, o que também reiteram agora.
“Então, é isso que eu peço, também. Que os poderes federais, estaduais, ajudem a gente e que a empresa também venha sentar com nós, fazer reunião, porque nós estamos prontos para debater com ela também, nós não somos contra o trabalho dela, somos contra é ficar só o veneno pra nós aqui. Isso nós somos contra”, finalizou Arnaldo.
Mina Tucano
O Portal SelesNafes.com entrou em contato com a assessoria de imprensa da Mina Tucano, mas até o fechamento desta edição não recebemos respostas.