Por SELES NAFES
O deputado federal Vinícius Gurgel (PL-AP) será investigado por possível participação no esquema de pagamento de propinas no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). O pedido da Procuradoria-Geral da República foi deferido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
O deputado federal comandou politicamente o Dnit, com a indicação de diretores, durante os governos Dilma (PT) e Temer (MDB). Em junho de 2019, o ex-diretor Fábio Vilarinho e Odnaldo de Jesus Oliveira, então chefe do órgão, foram presos pela Polícia Federal na Operação Pedágio.
Os dois foram acusados de receber propinas de empresários para apressar pagamentos e certificar a realização de obras de manutenção na BR-210, entre 2015 e 2019, num contrato de R$ 24 milhões com a empresa BMR Empreendimentos.
Vilarinho estava nomeado no gabinete de Vinícius Gurgel quando foi preso. Depois da prisão, que durou cerca de seis meses, ele foi nomeado pelo presidente da Alap, Kaká Barbosa (PL), aliado de Vinícius Gurgel, mas foi exonerado depois da repercussão negativa da nomeação.
De acordo com o portal de O Estadão, que teve acesso à decisão no processo que corre em segredo de justiça, Vilarinho teria continuado a conduzir o esquema no Dnit após sua saída. Consta no processo gravação feita por um empresário de pelo menos uma reunião onde o nome de Vinícius é citado por Vilarinho como destinatário de parte das propinas.
O parlamentar se posicionou à reportagem do Estadão.
“Eu não sei o que o Fábio (Vilarinho) fez, o que deixou de fazer, não sou pai, nem irmão, nem nada para ele. Ele me parecia uma pessoa séria porque era egresso do Banco do Brasil”.
“Se fez, vai ter de responder, e a Justiça vai estar ali para isso”. “Cada um é responsável por sua vida”, afirmou.
Vinícius Gurgel está licenciado do cargo de deputado federal desde dezembro. A vaga está sendo ocupada pelo suplente e agente da Polícia Federal, Jorielson Nascimento (PL). A licença cumpre acordo de dividir o mandato com os suplentes, o mesmo que tinha sido feito com Patrícia Ferraz (Podemos), em 2020.