Por SELES NAFES
No extremo norte do Amapá, a pesca oceânica há muito deixou de ter como principal objetivo a captura do peixe para a indústria. A grude passou a ser o principal produto que alimenta um mercado quase invisível, produz altos lucros, mas também gera riscos.
A grude é a bexiga que ajuda na flutuação do peixe. Ela é usada pela indústria de cosméticos, produção de cola instantânea e até pela exótica e afrodisíaca gastronomia oriental. O produto é escasso e muito procurado, por isso vale muito, dependendo da espécie.
In natura o cheiro é forte, mas o lucro é altíssimo. O quilo da grude de uritinga, por exemplo, chega a ser vendido por R$ 650 pelos pescadores aos intermediários. Já a grude de pescada amarela, o mais desejado, atinge fácil R$ 1,5 mil, podendo até passar disso.
Não é à toa que carregamentos precisam ser escoltados em comboios entre Oiapoque e Macapá, em seus 590 km. O perigo de assaltos é grande, e roubos já ocorreram. É como transportar dinheiro vivo, em grande quantidade.
“Eu chego a vender 300 quilos num mês. Eu pago ao pescador R$ 650, e vendo por outro preço na ponta”, explica um dos intermediários, que não quis revelar o preço que pratica na revenda. Contudo, o Portal SelesNafes.Com apurou que o comprador final chega a desembolsar R$ 3 mil pelo quilo.
Em Oiapoque existem cinco indústrias de filetamento de peixe que atende estados como o Pará, Ceará e Piauí, que gerando 150 empregos, mas o produto que movimenta e faz a pesca compensar ainda mais é a grude.
“É a grude que fomenta a pesca. O peixe virou produto secundário”, admite o secretário de Pesca da Prefeitura de Oiapoque, Victor Viegas.
“A venda dos dois é que dá retorno para o pescador. A grude representa 60% do lucro do barco”, acrescenta.