Por SELES NAFES
O comércio fervilha em Oiapoque, a 590 km de Macapá. Desde cedo, moradores da Guiana Francesa atravessam para fazer compras do lado brasileiro levando consigo os preciosos euros.
Além de alimentos mais baratos, eles compram televisores, móveis e, claro, aproveitam para apreciar o churrasco brasileiro nos bons restaurantes de Oiapoque, e não são poucos. Nos últimos anos, a quantidade de restaurantes e barzinhos triplicou. No meio de todo esse movimento, um segmento específico da economia não tem muito do que reclamar: o do transporte.
Em Oiapoque, na fronteira com a Guiana Francesa, os dois separados pelo majestoso rio, não são apenas os catraieiros que ganham dinheiro com o transporte de passageiros e mercadorias. Taxistas e motoxistas exploram o segmento em plena harmonia.
“Vale a pena. A renda é boa. Temos os melhores salários, tanto taxista quanto mototaxista”, assegura o taxista Jesiel Pena, de 43 anos.
Para os padrões de uma cidade do interior, a frota de veículos de Oiapoque é nova. Os taxistas e mototaxistas se concentram em pontos próximos do comércio e da orla do município, onde o movimento é intenso todos os dias.
Manoel Nascimento já até se perdeu na régua do tempo. Sabe dizer apenas que está há mais de 30 anos na profissão, sempre em Oiapoque.
“Eu poderia comprar uma catraia, mas tem muita confusão quando chega passageiro”, justifica, referindo-se à concorrência as vezes tumultuada entre os ajudantes de catraieiros.
Existem reclamações sobre dificuldades impostas pelas condições das ruas da cidade, e as vezes até pela política da prefeitura.
“É daqui que a gente paga as nossas contas, mas já está um pouco inchado. E tem muita gente fazendo lotação. Nós pagamos direitinho os nossos impostos. Eles não pagam. E a prefeitura ainda quer aumentar a taxa de vistoria para quase R$ 200. Já temos a gasolina cara (R$ 7, em média)”, lembra o taxista Edson Almeida.
Apesar dos pesares, a opinião é unânime sobre as oportunidades de Oiapoque. Bem popular na cidade, o mototaxista Francy compara os rendimentos da profissão à estabilidade financeira do serviço público.
“Tem espaço para todo mundo. Isso é um igual um concurso (público) pra gente, porque para quem gosta de trabalhar Oiapoque dá dinheiro”, diz o mototaxista.
Oiapoque tem mais de 200 profissionais, entre taxistas e mototaxistas.