Dois jovens indígenas que estavam trabalhando no interior do Amapá em regime análogo à escravidão voltaram para a aldeia de origem no estado do Pará. O retorno deles ocorreu no dia 9 de fevereiro, mas somente agora foi divulgado pelo Ministério Público Federal (MPF), que tinha recomendado o recambiamento à Fundação Nacional do Índio (Funai).
De acordo com as investigações, os dois (15 e 19 anos) receberam o convite de um pastor de Porto Grande, município a 105 km de Macapá, que estava fazendo uma ‘missão missionária’ na aldeia deles. No Amapá, eles teriam estudos e melhores condições de vida, mas não foi isso o que aconteceu. Meses depois de trabalhar sem remuneração e em condições inadequadas, eles fugiram do terreno rural em Porto Grande, e foram acolhidos por uma família que acionou o Conselho Tutelar.
O MPF recomendou à Funai e à Prefeitura de Porto Grande que adotassem providências para o imediato retorno dos indígenas à aldeia. A viagem ocorreu entre 6 e 9 de fevereiro, e foi acompanhada por servidores, uma conselheira tutelar e uma assistente social de Porto Grande. As despesas da viagem foram custeadas pelo Instituto de Pesquisa e Formação Indígena (Iepé), Funai e pela prefeitura. A viagem envolveu trechos de ônibus, avião e de embarcação até à terra indígena.
“Ao chegar à aldeia, após quase seis meses distantes, os jovens foram bem recebidos. Na ocasião, os servidores públicos buscaram sensibilizar as famílias sobre o perigo de autorizar o ingresso de não indígenas na comunidade, usando o caso recente para exemplificar que não se pode prever as intenções de pessoas estranhas”, divulgou o MPF.
O pastor e a esposa foram indiciados pela Polícia Civil por crimes de redução a condição análoga à de escravo e subtração de incapaz.