Por RODRIGO ÍNDIO
Fim do preconceito, mais respeito, conscientização e inclusão social. É o que pede Larisse Dias, de 36 anos, mãe de duas crianças com o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Ela vem enfrentando constrangimentos e extrema dificuldade para matricular um dos filhos em uma escola de Macapá.
Num período de três semanas, a microempreendedora já recebeu o “não” de pelo menos 7 instituições particulares de Macapá, segundo ela, porque o pequeno Bruno Lucas, de 5 anos, tem autismo de grau moderado.
Larisse afirma que quatro escolas – SESI, Meta, Podium e Adventista de Macapá – recusaram a matrícula porque, segundo as instituições, já tinham o limite de crianças autistas. Uma delas, a Meta, é escola onde estuda Lara Beatriz, de 9 anos, a outra filha autista de Larisse. A menina já evoluiu de moderado para leve.
Outro colégio, o Equipe, está há mais de duas semanas sem dar uma resposta. A mãe das crianças conta que já foi muitas vezes no local, mas ficou aguardando por horas, e mesmo sendo vista pela responsável da escola, não foi atendida – e outros pais foram priorizados.
Em outras duas particulares, o Cedap e a Rainha da Paz – que, segundo Larisse teriam vaga – as direções usaram termo muito preconceituoso com criança autista.
“Em um dos casos [Cedap] o diretor da escola mostrou toda a lista de documentação para matricular, porque tinha vaga, quando citei que era criança autista, na mesma hora, ele recuou o papel que ele estava me mostrando e falou que eu teria que falar com o corpo técnico da escola. Ele usou a expressão: ‘esse tipo de criança, a gente tem que analisar, porque elas podem ser agressivas e prejudicar outras crianças’, sendo que ele nem chegou a ver meu filho que estava no carro”, detalhou.
Como mãe, ela diz ter ficado chocada em ouvir aquilo.
“Rebati. Fiquei extremamente chateada com uma pessoa que está na direção de uma instituição de ensino ainda ter essa cabeça tão fechada e preconceituosa com relação a crianças especiais. Me sinto impotente, isso porque quero pagar. E me dói porque meu filho é tão inocente. Acontece também com plano de saúde, sofremos com atitudes antiéticas. Quero mais respeito e direito pelas nossas crianças com autismo”, falou.
Agora, o advogado da família vai entrar com uma liminar pedindo a que a matrícula seja feita através de ordem judicial, já que no método ‘tradicional’ e no ‘diálogo’ não funcionou.
A reportagem tenta contato com as instituições citadas.