Técnicos do Mais Visão fizeram algo raro na medicina brasileira. Eles montaram um centro cirúrgico na Aldeia Kumenê, próximo ao Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque, no município de Oiapoque, para realizar cirurgias de catarata em indígenas que moram na região.
As cirurgias iniciaram no último fim de semana e serão realizadas também em outras aldeias. O início dos trabalhos foi acompanhado pelo governador Waldez Góes (PDT) e pelo senador Davi Alcolumbre (UB), idealizador e articulador dos recursos do programa.
Cerca de 10 mil indígenas moram na região de Oiapoque. Por causa da distância, o programa Mais Visão está transportando toda a estrutura e profissionais. Ao todo, são 43 médicos, paramédicos, pessoal de gerenciamento e logística. Serão mais de 300 cirurgias de catarata e pterígio, além de 1.250 exames pré e pós-operatório, e ainda 450 testagens para detecção da covid-19.
Na aldeia Kumenê, onde as cirurgias já começaram, estão programadas 22 operações de catarata e 12 de pterígio. Na aldeia do Manga serão 43 de catarata e 123 de pterígio. Na aldeia Kumarumã as equipes estão realizando a triagem. Em novembro do ano passado, as demandas foram mapeadas na primeira etapa do programa nas aldeias Kumenê, Kumarumã e Manga, onde moram 1,4 mil indígenas.
Em 2021, o programa já tinha atendido a sede de Oiapoque com cirurgias de catarata, pterígio (carne crescida) e vitrectomia, indicada para doenças como de retinopatia diabética e descolamento de retina. O Mais Visão é o maior programa de cirurgias de catarata do Amapá, com 300 mil atendimentos.
Ele foi criado pelo senador Davi Alcolumbre, em parceria com o governo do estado e com o Centro de Formação Humana Frei Daniel de Samarate/Capuchinhos. Foram destinados ao programa, recursos na ordem de R$ 30 milhões.
“Estarmos hoje nas aldeias proporcionando esse atendimento de ponta aos nossos irmãos indígenas, com equipamentos modernos, centro cirúrgico, sem dúvida é um marco na história da saúde pública voltada aos povos originários”, avaliou o senador.
“Quero dizer que, mais uma vez, o Amapá é pioneiro não só com um programa de tanta largura e assistência, atendendo milhares de pessoas, mas também às populações tradicionais”, completou Waldez.