Por ANDRÉ SILVA
Depois do acidente que vitimou o pequeno Paulo Victor Campos, de 4 anos, que morava com os pais no conjunto habitacional Jardim Açucena, onde caiu do 3º andar de um dos blocos, ainda é possível observar a insegurança e a negligência em alguns apartamentos.
A reportagem do Portal SelesNafes.Com flagrou, na tarde de quarta-feira (2), algumas crianças nas janelas desacompanhadas de adultos ou qualquer outro mecanismo de segurança para evitar tragédias semelhantes a que ocorreu.
Outra constatação é que a grande maioria dos apartamentos não tem nenhum tipo de proteção para resguardar a vida das crianças.
O acidente que tirou a vida do Paulo Victor aconteceu no bloco 7, onde fica o apartamento em que ele morava com os pais. A equipe não conseguiu localizar a família, não havia ninguém na casa. O pai do menino chegou a marcar uma entrevista, mas depois desistiu afirmando que ainda estava muito abalado. Os vizinhos relataram que eles haviam se mudado para o local uma semana antes da tragédia.
Num dos apartamentos vizinhos, Ryan Patrique, de 18 anos, fica o dia todo tomando conta dos três irmãos, crianças, enquanto a mãe e o padrasto trabalham.
Ele mora no segundo andar do bloco onde ocorreu a tragédia, bem de frente pra janela de onde o menino caiu. Ryan conta que no dia do acidente escutou o barulho do choque da criança no chão. O morador relatou os momentos de aflição vividos pela família e vizinhos.
“Só ouvi um estrondo, como se tivesse caído alguma coisa no chão. Meu irmão foi ver e disse que tinha uma criança caída. Eu nem acreditei na hora, mas quando olhei pela janela só vi o menino caído, meio tortinho no chão e com muito sangue na cabeça, sem se mexer. Depois que o pai dele chegou e começou a mexer nele foi que ele voltou e começou a movimentar a perna. Eles chamaram a ambulância, mas demorou. O pai dele pegou ele colocou no carro e levou pro hospital”, relatou o jovem.
Ele contou que depois do acidente os pais já estão fazendo orçamento para colocarem grades nas janelas o mais rápido possível.
Sem segurança
A vendedora Jéssica Campos, de 24 anos, mora com o filho de quatro anos no apartamento que fica no quinto andar de um dos blocos do conjunto. Ela foi um dos adultos que a reportagem observou na janela acompanhando o filho.
Jéssica contou que se mudou há pouco tempo para o local. Depois que ficou sabendo da morte da criança, passou a fazer orçamento de grade e rede de proteção para colocar em todas as janelas.
“Eu fico vigiando ele 24h. Por mais que a gente, que é mãe, tenha todo aquele cuidado, às vezes, a gente acaba ficando um pouco longe da criança e acaba acontecendo o que eu acho que aconteceu lá com aquela criança – se bem que ninguém ainda sabe o que aconteceu direito – mas acredito que tenha sido um descuido da família, né?”, presume a vendedora.
Conscientização
O presidente da Associação de Moradores do Conjunto Habitacional Jardim Açucena, Gilson Viana, disse que está preparando uma ação para conscientizar os moradores quanto aos cuidados que precisam ser tomados, para assegurar a proteção das crianças.
“Vamos fazer um informativo orientando os moradores sobre esses cuidados. O apartamento é algo muito particular. Não dá para gente dizer: ‘olha você tem que fazer isso, ou aquilo outro’. Tem que ser um serviço de conscientização, é até aí onde nós podemos ir”, justificou o presidente.
Tragédia anunciada
Não é a primeira vez que acidentes dessa natureza acontece em um conjunto habitacional em Macapá. Em agosto do ano passado, uma criança de 10 anos caiu do 4º andar do Macapaba, localizado na zona norte de Macapá.
A criança de 10 anos sobreviveu. Teve uma fratura exposta na perna e já está recuperada.