Por ANDRÉ SILVA
A Prefeitura de Santana vai fazer uso de uma Inteligência Artificial para mapear casos de violência contra mulher no município, localizado a 17 km de Macapá.
Os dados colhidos pelo robô Glória serão usados para aplicação de políticas públicas mais precisas às vítimas.
A assinatura do Termo de Cooperação Técnica entre a prefeitura e o Instituto Glória, que desenvolve o sistema de IA, aconteceu nesta quarta-feira (30), durante a programação da 1ª Feira Empreender Mulher.
O Instituto e o robô foram idealizados pela professora doutora Cristina Castro Lucas, da Universidade Federal de Brasília (UnB). Ela é CEO da instituição e afirma que Glória é uma plataforma de transformação social.
A professora atua em um grupo norte americano voltado ao empoderamento feminino no mundo. Ela explicou que o projeto embrionário começou com jovens e crianças, mas depois de uma viagem à China, onde se deparou com robôs, se inspirou a criar uma IA que pudesse definir estratégias de combate à violência de gênero.
Segundo ela, outra vantagem da plataforma é que, além das mulheres, os filhos delas também poderão fazer uso da tecnologia.
“Aqui em Santana estamos montando, pela primeira vez, a cabine da Glória. Vai ser uma cabine itinerante que chegará a escolas, UBSs, onde a mulher puder entrar e conversar com a Glória e dizer o que sofreu ou viu, e pode perguntar sobre o que é uma violência moral, sexual e entender isso”, explicou a idealizadora do robô.
Além de definir se a vítima sofreu violência ou não, o robô poderá encaminhá-la a serviços de proteção à mulher no próprio município.
A IA levou dois meses e meio para ficar pronta. Ela foi desenvolvida pelo programador e diretor de tecnologia do Instituto, Gustavo Guimarães. Ele explicou que para a construção do sistema contou com apoio da Microsoft, que cedeu nove engenheiros de software para esse fim.
Guimarães explicou que a Glória será usada pela primeira vez em Santana e quanto mais ela for questionada, mais aprenderá e ensinará sobre violência de gênero. A mulher que relatar sua experiência, garante ele, terá sua identidade preservada – a cabine itinerante foi pensada nesse sentido.
“A gente vai aprender sobre a violência de gênero sem intermediário, sem ninguém interpretando o relato da mulher ou menina. A própria vítima vai dizer, com suas palavras, o que sente”, argumentou o diretor.
O prefeito Bala explicou que o robô é uma ferramenta para medir as ocorrências de violência por área no município e, a partir disso, os órgãos voltados a esse propósito aplicarão as políticas de combate à violência de forma mais precisa.
“A ideia é colocar a cabine no espaço usado pelo público, onde a mulher tenha acesso com facilidade. O Instituto vai ajudar a gente a detalhar essas informações e interpretar”, garantiu o prefeito.
A Feira Empreender Mulher iniciou nesta quarta-feira e vai até quinta-feira (31), com atrações artísticas e a exposição de produtos das empreendedoras.