Cadela fica 24 horas ao lado do corpo de ‘amiga’ atropelada

Cena comovente aconteceu na Rodovia do Curiaú, na zona norte de Macapá.
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Por ANDRÉ SILVA

Uma cena triste e inusitada chamou a atenção de pedestres e motoristas que passavam pela Rodovia do Curiaú, na zona norte de Macapá, na quarta-feira (20).

Uma cadela insistia em ficar do lado da outra, que havia sido morta por atropelamento. Sem entender, ela tentava levantar a companheira. A cena foi gravada por curiosos e correu grupos de redes sociais de Macapá.

Dois desses curiosos foram o servidor público Ney Cunha, de 47 anos, e o assistente técnico de mineração, José da Silva de Jesus, de 52 anos. Eles se conheceram durante o resgate da cadela.

Os novos amigos contaram à reportagem do portal SN, que enquanto trafegavam de carro pela rodovia – cada um em seu carro e em horários diferentes – avistaram a cena das duas cadelas deitadas próximo a um monte de entulhos. Uma delas já morta.

José, que é morador do Bairro Novo Horizonte, disse que passou no local por volta das 14h com destino ao município de Santana para ir a uma consulta médica. Ele e a esposa acreditam que os animais tinham parentesco. Seriam mãe e filhote.

“Pelo que a gente viu, já havia algumas horas que ela havia sido atropelada, pelo fato de ela estar já um pouco inchada e estar enrijecendo. A gente se deparou com aquilo e foi comovente, pelo fato de a outra cadelinha estar do lado o tempo todo e alguns urubus já sentando para beliscar a que estava morta. A gente viu o cuidado que ela tinha com a outra, colocando a pata em cima da outra tentando levantar”, relatou assistente.

Mesmo com urubus tentando bicar o corpo da cachorra morta, a companheira não arredou o pé. Fotos e Vídeo: Divulgação

Ele seguiu caminho, mas a cena não saiu da sua cabeça, até mesmo na hora de dormir.

Já com o Ney, aconteceu a mesma coisa. Ele trafegava pelo local já no fim da tarde do mesmo dia e se deparou com a cena. Chovia um pouco. Ele parou o carro perto dos animais para ver o que o corria e ficou impactado.

Após atitude comover pessoas, ela foi adotada por José

“Eu tenho 47 anos e nunca tinha visto na minha vida esse tipo de sentimento entre os animais. Eu fui pra casa e fiquei com aquilo na cabeça. Quando deu 6h da manhã [já do outro dia] eu voltei lá e passei a ver quem poderia levar o cachorro pra casa, que eu ajudaria. Não daria pra mim porque moro em apartamento”, explicou o servidor público.

Depois de várias tentativas de encontrar um parceiro para adotar o animal, Ney voltou no local onde estavam as cadelas e encontrou o então desconhecido José Jesus. Eles se apresentaram e passaram a elaborar um plano.

Ney e José se uniram para adotar o animal

“Eu cheguei e o ‘Zé’ já estava lá. Eu disse: você não tem como adotar esse cachorro aí? Pega esse cachorro que te ajudo. Eu conheci o ‘Zé’ nesse momento que cheguei para ver esse cachorro, acredita? [risos]. Acabamos nos tornando amigos”, contou.

Os novos amigos, então, pegaram o cachorro e o levaram para o terreno do José, que fica localizado no Lago da Vaca, no Novo Horizonte, aonde ele tem mais três cachorros, além de outros sete que ficam na residência onde ele mora. Ao todo são 11 animais agora que estão sob a tutela dele, todos resgatados da rua.

Além da nova amiga…

… José já adotou vários outros cachorros que resgatou das ruas

Ele disse que a paixão pelos animais surgiu depois que de se decepcionar com a falta de companheirismo do ser humano.

“Esse ato de companheirismo entre elas é algo que a gente, nós humanos, têm que aprender com os animais”, ponderou José.

Agora a cadela será cuidada e levada pelos amigos ao veterinário para cuidar dos ferimentos que ela tem.

Seles Nafes
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