Por ANDRÉ SILVA
Os 173 candidatos classificados no concurso interno para sargento do Corpo de Bombeiros Militar do Amapá, realizado em 2021, reclamam da demora do Judiciário em dar resposta ao pedido de suspensão e anulação do certame. Eles afirmam que existem provas suficientes de que o teste objetivo vazou e que o processo precisa ser todo refeito.
O advogado que representa a comissão dos classificados emitiu pedido em dezembro de 2021 ao desembargador Jaime Ferreira, solicitando que o magistrado reconsiderasse a decisão de continuidade das etapas seguintes. A decisão tomada no início daquele mesmo mês, suspendeu o certame de forma liminar. Mas o candidatos querem a anulação definitiva do concurso.
No pedido, o advogado argumentou que, apesar de apenas uma pessoa ter sido apontada no inquérito policial como única beneficiada pelo vazamento da prova, não se sabe ao certo quantos candidatos tiveram acesso às questões de forma antecipada.
Segundo a comissão dos classificados, quatro meses depois o desembargador ainda não deu resposta quanto ao pedido.
O soldado Elder Soares alega que estudou muito para realizar a prova e que, assim como os demais colegas, se sentiu prejudicado pelo vazamento. Ele disse que o desembargador tomou uma decisão monocrática que favorece apenas os 78 candidatos aprovados.
“Queremos que tenha uma solução para isso já que houve indícios de fraude, que uma resposta seja dada aos candidatos que foram prejudicados. Queremos a anulação da prova”, sustentou o militar.
Um outro bombeiro, que não pode ser identificado porque é testemunha no processo que apura o vazamento da prova, disse que estava na roda com outros colegas quando a candidata que teve acesso antecipado a pelo menos duas questões da prova revelou o segredo.
“Ela falou pra gente. Ela não estava nem estudando, estava internada em Belém e não vinha fazer a prova”, revelou o militar.
Até o momento, a liminar que permitiu o andamento do certame continua valendo, o que preocupa os militares. O concurso havia sido anulado pelo comando do CBM depois que a Polícia Civil e o Ministério Público identificaram que uma candidata teve acesso antecipado a pelo menos duas questões da prova, realizada no dia 27 de junho.
A polícia indiciou a candidata e o MP recomendou a anulação da prova, o que ocorreu em outubro do ano passado. Para o desembargador, no entanto, a anulação do certame em todas as suas fases representa prejuízo inegável aos candidatos que não participaram de irregularidades.