Policiais federais do Amapá estão cumprindo 18 mandados de busca e apreensão, na manhã desta sexta-feira (8), na Operação ‘Double Back’, referência em inglês a um esquema de rachadinhas que já teria desviado mais de R$ 7,4 milhões. Os alvos são parlamentares estaduais, pelo menos dois. Entre os crimes cometidos está suposta fraude no aluguel do prédio onde funciona a Escola do Legislativo, no Bairro do Beirol, na zona sul de Macapá.
Uma coletiva de imprensa foi marcada para as 10h30min na sede da Superintendência da Polícia Federal. Contudo, informações antecipadas pela PF afirmam que os dois parlamentares estavam recebendo de volta a maior parte dos salários dos assessores, pelo menos 33 funcionários, somando um total mensal de R$ 154 mil.
Segundo a PF, num dos casos um servidor tinha salário de R$ 8,3 mil, mas era obrigado a devolver R$ 7,4 mil para o parlamentar. Em algumas situações, há ‘rachadinhas cruzadas’, com deputado recebendo rachadinha de assessores de outro parlamentar.
As investigações começaram em 2020 na Operação ‘Chão de Vidro’, que vinha investigando crimes de compra de votos nas eleições de 2018. Todos os mandados foram expedidos pelo Tribunal de Justiça do Amapá (Tjap) e foram cumpridos nas residências dos dois parlamentares e em endereços de assessores.
Apesar da PF não ter divulgado nomes, o Portal SelesNafes.Com apurou que um dos alvos foi a residência da deputada estadual Luciana Gurgel, na Avenida Mendonça Júnior com a Rua Jovino Dinoá, no Centro. No mesmo local, segundo informaram vizinhos, mora a deputada estadual Telma Gurgel (PRB), sogra dela. Luciana se licenciou do mandato esta semana alegando problemas de saúde. A parlamentar é esposa do deputado federal Vinícius Gurgel.
Aluguel
A PF afirma que o dinheiro das rachadinhas era usado por um dos parlamentares para alugar um prédio no bairro do Beirol por R$ 13 mil. O mesmo prédio foi sublocado para a Alap por R$ 44 mil.
A Polícia Federal afirma que há indícios de que o local foi adaptado fisicamente para atender as especificações técnicas do edital de licitação bem antes de o documento ser publicado pela Assembleia.
“A PF estima que os valores desviados do ano de 2019 até o momento foram em torno de 7.4 milhões de reais apenas com desvio de remunerações dos assessores. As condutas apuradas até o momento incidem nos crimes de peculato, corrupção passiva, organização criminosa, fraude em processo licitatório e lavagem de capitais”, informou a PF.