Por SELES NAFES
A escalada do preço das passagens aéreas ainda não chegou no teto, ao que parece. Depois do aumento em março, os preços continuaram subindo e pioraram ainda mais com a guerra na Ucrânia. O bilhete ida/volta entre Macapá e Belém chega a absurdos R$ 2,8 mil, mas a culpa não é só da guerra.
Um levantamento feito pelo Portal SelesNafes.Com tomou como referência a primeira semana de maio, mês que se inicia no próximo domingo. Há destinos bem mais caros. Ida e volta Brasília/Macapá não sai por menos de R$ 6,3 mil. Já no sentido contrário (MCP/BSB) o valor fica em torno de R$ 4,5 mil.
Virou lugar comum responsabilizar a guerra pela alta do principal insumo operacional das aéreas, o querosene de aviação. É fato que houve aumento médio de 50% no combustível.
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Passagem Macapá/Guarulhos (SP)
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..e Macapá Belém para o mesmo período
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Valores começaram a subir em março. Foto: Seles Nafes/SN
No entanto, há influência da oscilação do dólar, política tributária e outras variáveis que as companhias não deixam claro para o consumidor. Tanto é que o bilhete Macapá/São Paulo/Macapá para o mesmo período de maio custa muito mais barato (R$ 1,9 mil) que ida/volta entre Macapá e Belém (R$ 2,8 mil).
O economista e professor Charles Chelala acrescenta que a baixa concorrência facilita a combinação de preços entre as poucas empresas grandes que operam no setor. Além disso, a política de preços da Petrobrás, baseada nos indicadores mundiais, contribui para o aumento no valor dos combustíveis.
“O Brasil não precisa disso porque tem condições de refinar e ter seu petróleo sem dolarizar”, ensina.
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Macapá/Florianópolis (SC)
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Economista Charles Chelala: consumidor precisa ser protegido. Foto: André Silva/Arquivo
Algoritmos
Outra variável é a estratégia de preenchimento de vagas nas aeronaves.
“Por isso que as vezes a passagem pra Belém é mais cara do que para São Paulo, porque a aeronave (no Amapá) não está totalmente cheia. A partir do momento em que a demanda vai suplantando a necessidade (de preenchimento), automaticamente os algoritmos de formação de preço vão modificando os valores”, explica.
Outras razões para o preço ser alto é a distância de destinos mais afastados do ‘centro do Brasil’, como Macapá, Boa Vista (RR), Rio Branco (AC) e Fernando de Noronha (RN), onde outros meios de transporte (terrestres, marítimos e fluviais) demandam mais tempo de viagem.
“É preciso que os órgãos de fiscalização e o Congresso protejam o consumidor desses aumentos repentinos que inviabilizam viagens, especialmente em casos de saúde”, pondera.
Hoje, existem sete voos diários entre Macapá e Belém operados pela Azul, Latam e Gol.