Por OLHO DE BOTO
Um dia depois da família da vítima oferecer uma recompensa de R$ 2 mil e da polícia divulgar as fotos de dois irmãos procurados por matar e enterrar um caseiro, um deles foi denunciado, localizado e preso.
O crime ocorreu no município mais ao sul do Amapá, Vitória do Jari, mas o investigado, Roberto Milasse Costa da Conceição, o Mila, de 29 anos, foi preso na cidade vizinha, Laranjal, onde estava escondido no meio da confusão das ruas alagadas do município afetado desde março pela enchente do Rio Jari.
Ele e o irmão, Ronei da Costa Conceição, o Tatuado, são acusados do homicídio e ocultação de cadáver do caseiro Antônio Carlos de Araújo, o Magal, de 53 anos, desaparecido desde dezembro de 2021.
Na quarta-feira (27), a Polícia Civil divulgou as imagens e a informação da recompensa oferecida pela família da vítima.
No dia seguinte, quinta-feira (28), uma informação certeira, passada através do Disque-Denúncia, levou a equipe a Delegacia de Vitória do Jari, sob o comando do delegado Erivelton Clemente, responsável pela investigação do caso, até o Bairro Malvinas, que está com as ruas e avenidas inundadas.
Em Laranjal, os policiais de Vitória tiveram o apoio da 1ª DP da cidade, de militares da Força Tática da PM e do Exército, que está na cidade auxiliando humanitariamente as famílias afetadas pela enchente e fez o deslocamento das equipes policias pelas ruas alagadas da cidade em uma embarcação até onde o suspeito foi preso.
Sem chance de escapar do cerco ou mesmo pular na água, Milasse não resistiu. Preso, ele levou a polícia até o local onde ele e o irmão enterraram o caseiro.
Já era noite quando a polícia e o acusado chegaram à cova cavada por Milasse e Tatuado no meio de um matagal na Comunidade Sem Terra, zona Rural de Vitória do Jari, onde o crime ocorreu. Lá, peritos da Polícia Científica regataram os restos mortais de Magal debaixo da terra.
Dívida
O cadáver em avançado estado de decomposição estava enterrado dentro da área de um sítio próximo de onde o caseiro foi morto. Milasse contou ao delegado Clemente que na noite do dia 7 de dezembro de 2021 todos bebiam juntos no sítio que os irmãos estavam tomando conta, vizinho ao que Magal trabalhava.
Em determinado momento da bebedeira, Tatuado teria cobrado um dinheiro que supostamente havia emprestado a Magal. Os ânimos se exaltaram e a vítima, segundo a versão de Milasse, foi estrangulada até a morte com um golpe de mata-leão. Em seguida, arrastaram o corpo até outro sítio e, lá, o enterraram.
No crânio, peritos encontraram vestígios de uma lesão produzida por um objeto contundente. O cadáver, pelo menos o que restou dele, será periciado e somente depois liberado para a família fazer o sepultamento.
Após uma semana sem saber do seu paradeiro, o patrão da vítima, dono do sítio onde ele trabalhava, foi até a Delegacia de Vitória do Jari e registrou o Boletim de Ocorrência do desaparecimento. A partir daí o caso passou a ser investigado.
“Após mais de 4 meses de investigação, conseguimos provas de que a vítima havia sido assassinada por dois homens que são irmãos e depois teve seu corpo enterrado.
Antecedentes e flagrante
Além de estar com a prisão decretada por conta da morte de Magal, Milasse ainda foi preso em flagrante por ocultação de cadáver no momento em que o corpo foi encontrado.
Segundo o delegado, os irmãos já têm várias passagens pela polícia. Na época do crime, eles já estavam foragidos, com mandados de prisão por roubo e homicídio, por isso estavam na zona rural de Vitória.
“O caso praticamente está concluído, faltando apenas a prisão do outro suspeito [Ronei, o Tatuado]. As diligências irão continuar nesse sentido. O ex-patrão da vítima e a sua família estão mais reconfortados neste momento de dor, uma vez que agora podem fazer um enterro digno para a vítima, e agora têm a certeza exata do que ocorreu. Esse caso foi muito complexo e contou com técnicas apuradas de investigações para que, no final, tivéssemos êxito na solução”, ponderou Clemente.
Ronei da Costa Conceição, o Tatuado, continua foragido e a recompensa continua de pé. Quem tiver informações que levem à prisão dele, pode passar através do Disque-Denúncia da Delegacia de Polícia de Vitória do Jari: (96) 99154-4989. A identidade do informante será preservada.